A inspiração é de facto algo que existe, mas para ela surgir temos de estar a trabalhar.
A EDP FOI NACIONALIZADA?
A menos que alguma coisa tenha sido alterada no funcionamento da economia das empresas privadas eu acreditava, até esta semana, que as decisões são tomadas pelos seus accionistas e não pelo Estado. No entanto, por estes dias percebi que o entendimento da nova anormalidade em que vivemos é que o Ministério Público e um juiz podem remover quem os incomode antes de haver qualquer julgamento. Vem isto a propósito do que se passa na EDP. Há muito tempo que António Mexia se tinha tornado um alvo a abater para o Governo. Infelizmente para a geringonça, os accionistas, e sobretudo o accionista maioritário chinês, decidiram manter a confiança em Mexia e nos resultados de gestão que alcançou. De maneira que, pegando na espingarda neste concurso de tiro ao alvo, um juiz e o Ministério Público, abrindo um grave precedente, tiraram Mexia e Manso Neto da empresa, contra as decisões tomadas pelos accionistas em assembleia-geral. Ambos são acusados num processo baseado em factos não provados e muito menos julgados. Para todos os efeitos são inocentes até prova em contrário – é esse princípio que norteia a justiça nos países democráticos. Se os accionistas entendem que um gestor cometeu algum acto reprovável ou que tem um ónus que penaliza a empresa, podem substituí-lo. Mas não foi isso que aconteceu. Em Portugal temos uma justiça lenta e ineficiente, com juízes acusados de corrupção, de justicialismo político e de mais algumas malfeitorias. É esse mesmo aparelho judicial, corporativo, arcaico e ineficaz que,à sombrado Estado, vive em impunidade. Vivemos tempos difíceis para a economia – e o principal perigo não vem da pandemia, vem de uma justiça assim, vem das interferências do Governo na TAP, da nacionalização da Efacec, deste cheiro a 11 de Março de 1975 que começa a perfumar o ambiente. Temos cada vez mais um Estado que não protege as pessoas, mas que as condiciona. E as imposições, com o medo que elas podem causar, começam a configurar uma tentativa de imposição de um pensamento único, protagonizado por um Estado que pretende ser incontestado e exercer a prepotência como modo de estar. E com a conivência dos mais altos magistrados da Nação.