Patrão dos móveis cria serralharia em Paços
A Animovel está a investir dois milhões de euros na expansão e compra de novas máquinas. Após dois meses de paragem, a fábrica liderada por Joaquim Carneiro tem encomendas de mobiliário até final de agosto, mas teme surtos no outono.
Para responder à tendência de haver cada vez mais ferro integrado nos artigos de mobiliário, seja componentes ou nos pormenores, a Animovel decidiu construir uma serralharia para passar a produzir estas peças metálicas na fábrica de Paços de Ferreira, somando três postos de trabalho ao quadro composto por cerca de 80 trabalhadores.
“Optámos por ter isto dentro de casa. Tínhamos parcerias e vamos continuar com elas, mas uma parte da produção – aquela mais urgente – vai ser feita na empresa. O problema da subcontratação é que muitas vezes não se consegue [responder] com os prazos necessários para atender os nossos clientes”, justifica ao Negócios o presidente, Joaquim Carneiro.
Além desta nova valência na unidade com 6.000 metros quadrados de área coberta instalada na freguesia de Frazão, a empresa colocou “uma série de máquinas novas e mais modernas que também vão acrescentar qualidade e mais rapidez de trabalho à produção” e remodelou as instalações para receber os clientes. No total, contabiliza o também presidente da Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA), o investimento, prestes a ser concluído, ascendeu a dois milhões de euros.
Fundada por Aníbal Carneiro Barbosa em 1958, a firma começou por fazer cadeiras de cozinha. A segunda geração entrou na década de 1980 para ampliar a atividade dentro do mobiliário doméstico, estando atualmente os três filhos como sócios. Além das mesas e cadeiras para cozinhas, produz também móveis para os quartos e para as salas de estar e de jantar. Mais recentemente somou o segmento de “contract”, fornecendo equipamentos para projetos de hotelaria e restauração. Uma área que já pesa 10% a 15% nas vendas e “está a levar um susto por causa desta situação da covid, que veio retrair os investimentos”.
Após faturar 5,6 milhões de euros em 2019, Carneiro diz que “honestamente não [sabe]” qual será a quebra no final deste ano. Entre férias e lay-off, teve dois meses de paragem quase total e retomou as operações em meados de maio. “Não estão a funcionar a 100%, mas até estou surpreendido porque pensei que lá fora fosse estar pior”, desabafa. A Animovel tem encomendas até ao final de agosto, mas “o medo é setembro”. “Se houver outro surto de covid, as pessoas retraem-se. Ninguém compra nem sai de casa e é uma carga de trabalhos para toda a gente”, perspetiva o empresário.
Tecnologia anticrise
Com 95% do negócio proveniente da exportação para França, Suíça, Bélgica e Estados Unidos, devido à pandemia a produtora nacional ficou sem o maior canal de divulgação que eram as feiras profissionais. Decidiu contratar uma pessoa para conseguir chegar aos clientes e “continuar a ser vista e competitiva” pela via digital e agora quer aproveitar esse investimento tecnológico para “sair um bocadinho da Europa”, diversificar os destinos e “ir buscar outro tipo de clientes na Rússia, no Dubai ou na China”.
Alguns dos argumentos para “aguçar o apetite” destes novos mercados podem sair da parceria com a Universidade de Aveiro para o desenvolvimento de novos produtos. No âmbito desta ação promovida pela Câmara de Paços de Ferreira, que inclui outras empresas da “capital do móvel”, estão a ser testados novos materiais e inovações ligadas sobretudo à parte eletrónica, como dispositivos para carregar os telemóveis ou sensores táteis para a abertura de portas.
“Optámos por ter isto dentro de casa. A subcontratação muitas vezes não consegue os prazos necessários. JOAQUIM CARNEIRO Presidente da Animovel