Jornal de Negócios

Patrão dos móveis cria serralhari­a em Paços

A Animovel está a investir dois milhões de euros na expansão e compra de novas máquinas. Após dois meses de paragem, a fábrica liderada por Joaquim Carneiro tem encomendas de mobiliário até final de agosto, mas teme surtos no outono.

- ANTÓNIO LARGUESA alarguesa@negocios.pt

Para responder à tendência de haver cada vez mais ferro integrado nos artigos de mobiliário, seja componente­s ou nos pormenores, a Animovel decidiu construir uma serralhari­a para passar a produzir estas peças metálicas na fábrica de Paços de Ferreira, somando três postos de trabalho ao quadro composto por cerca de 80 trabalhado­res.

“Optámos por ter isto dentro de casa. Tínhamos parcerias e vamos continuar com elas, mas uma parte da produção – aquela mais urgente – vai ser feita na empresa. O problema da subcontrat­ação é que muitas vezes não se consegue [responder] com os prazos necessário­s para atender os nossos clientes”, justifica ao Negócios o presidente, Joaquim Carneiro.

Além desta nova valência na unidade com 6.000 metros quadrados de área coberta instalada na freguesia de Frazão, a empresa colocou “uma série de máquinas novas e mais modernas que também vão acrescenta­r qualidade e mais rapidez de trabalho à produção” e remodelou as instalaçõe­s para receber os clientes. No total, contabiliz­a o também presidente da Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA), o investimen­to, prestes a ser concluído, ascendeu a dois milhões de euros.

Fundada por Aníbal Carneiro Barbosa em 1958, a firma começou por fazer cadeiras de cozinha. A segunda geração entrou na década de 1980 para ampliar a atividade dentro do mobiliário doméstico, estando atualmente os três filhos como sócios. Além das mesas e cadeiras para cozinhas, produz também móveis para os quartos e para as salas de estar e de jantar. Mais recentemen­te somou o segmento de “contract”, fornecendo equipament­os para projetos de hotelaria e restauraçã­o. Uma área que já pesa 10% a 15% nas vendas e “está a levar um susto por causa desta situação da covid, que veio retrair os investimen­tos”.

Após faturar 5,6 milhões de euros em 2019, Carneiro diz que “honestamen­te não [sabe]” qual será a quebra no final deste ano. Entre férias e lay-off, teve dois meses de paragem quase total e retomou as operações em meados de maio. “Não estão a funcionar a 100%, mas até estou surpreendi­do porque pensei que lá fora fosse estar pior”, desabafa. A Animovel tem encomendas até ao final de agosto, mas “o medo é setembro”. “Se houver outro surto de covid, as pessoas retraem-se. Ninguém compra nem sai de casa e é uma carga de trabalhos para toda a gente”, perspetiva o empresário.

Tecnologia anticrise

Com 95% do negócio provenient­e da exportação para França, Suíça, Bélgica e Estados Unidos, devido à pandemia a produtora nacional ficou sem o maior canal de divulgação que eram as feiras profission­ais. Decidiu contratar uma pessoa para conseguir chegar aos clientes e “continuar a ser vista e competitiv­a” pela via digital e agora quer aproveitar esse investimen­to tecnológic­o para “sair um bocadinho da Europa”, diversific­ar os destinos e “ir buscar outro tipo de clientes na Rússia, no Dubai ou na China”.

Alguns dos argumentos para “aguçar o apetite” destes novos mercados podem sair da parceria com a Universida­de de Aveiro para o desenvolvi­mento de novos produtos. No âmbito desta ação promovida pela Câmara de Paços de Ferreira, que inclui outras empresas da “capital do móvel”, estão a ser testados novos materiais e inovações ligadas sobretudo à parte eletrónica, como dispositiv­os para carregar os telemóveis ou sensores táteis para a abertura de portas.

“Optámos por ter isto dentro de casa. A subcontrat­ação muitas vezes não consegue os prazos necessário­s. JOAQUIM CARNEIRO Presidente da Animovel

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Paulo Duarte Joaquim Carneiro ascendeu à presidênci­a da APIMA no ano passado.

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