BlackRock diz que EUA estão caros e aposta na Europa
A gestora considera que a forte subida das ações norte-americanas deixou-as caras, enquanto as empresas europeias vão beneficiar mais com a recuperação.
As bolsas dos Estados Unidos não escaparam ao “sell off” vivido pelos mercados acionistas mundiais durante o pico da pandemia, mas desde os mínimos de 23 de março Wall Street dispara cerca de 40%. Um movimento de forte recuperação que deixou as ações a negociar em níveis elevados, segundo considera a BlackRock. Já as ações europeias apresentam boas oportunidades de investimento.
As ações dos Estados Unidos eram uma das apostas da BlackRock para 2020. Mas a pandemia e a escalada registada pelas bolsas norte-americanas nos últimos meses levaram a entidade a rever a sua estratégia, passando a ter uma perspetiva “neutral” para estes ativos. “As bolsas dos EUA tiveram um excelente comportamento e agora estão com avaliações esticadas”, realça André Themudo.
Além de estarem a negociar com valores elevados, o responsável da BlackRock para Portugal realça outros três fatores que levaram a gestora a rever em baixa a sua recomendação para os EUA: a forma como o país está a gerir a crise pandémica; as tensões com a China; e a volatilidade que pode surgir com o aproximar das eleições presidenciais no país.
Recuperação é oportunidade na Europa
Já as bolsas europeias, cujo desempenho é bastante inferior ao registado pelas praças norte-americanas, deixaram de ter uma recomendação negativa para serem uma das apostas da BlackRock. “Os setores mais expostos na Europa são os mais cíclicos”, explica André Themudo. Desta forma, “com a recuperação [económica], a Europa pode ser mais beneficiada”.
Os planos de estímulo anunciados por muitos países europeus, desde logo Alemanha e França, também são considerados pela gestora de ativos um elemento fundamental, na medida em que vão suportar a retoma.
Ainda no universo das ações, o Japão é outra das regiões onde a BlackRock identifica oportunidades de investimento. Além de as ações nipónicas ganharem com os estímulos fiscais implementados pelas autoridades na região, André Themudo nota ainda a maior capacidade do país para controlar a crise pandémica.
Pelos motivos opostos, os mercados emergentes passaram a ter uma recomendação de “underweight”. “Estes países estão numa situação mais delicada para enfrentar a crise” e têm menor capacidade para avançar com medidas orçamentais, como aconteceu nos mercados desenvolvidos, conclui o responsável pelo negócio da BlackRock em Portugal.