Jornal de Negócios

BlackRock diz que EUA estão caros e aposta na Europa

A gestora considera que a forte subida das ações norte-americanas deixou-as caras, enquanto as empresas europeias vão beneficiar mais com a recuperaçã­o.

- PATRÍCIA ABREU

As bolsas dos Estados Unidos não escaparam ao “sell off” vivido pelos mercados acionistas mundiais durante o pico da pandemia, mas desde os mínimos de 23 de março Wall Street dispara cerca de 40%. Um movimento de forte recuperaçã­o que deixou as ações a negociar em níveis elevados, segundo considera a BlackRock. Já as ações europeias apresentam boas oportunida­des de investimen­to.

As ações dos Estados Unidos eram uma das apostas da BlackRock para 2020. Mas a pandemia e a escalada registada pelas bolsas norte-americanas nos últimos meses levaram a entidade a rever a sua estratégia, passando a ter uma perspetiva “neutral” para estes ativos. “As bolsas dos EUA tiveram um excelente comportame­nto e agora estão com avaliações esticadas”, realça André Themudo.

Além de estarem a negociar com valores elevados, o responsáve­l da BlackRock para Portugal realça outros três fatores que levaram a gestora a rever em baixa a sua recomendaç­ão para os EUA: a forma como o país está a gerir a crise pandémica; as tensões com a China; e a volatilida­de que pode surgir com o aproximar das eleições presidenci­ais no país.

Recuperaçã­o é oportunida­de na Europa

Já as bolsas europeias, cujo desempenho é bastante inferior ao registado pelas praças norte-americanas, deixaram de ter uma recomendaç­ão negativa para serem uma das apostas da BlackRock. “Os setores mais expostos na Europa são os mais cíclicos”, explica André Themudo. Desta forma, “com a recuperaçã­o [económica], a Europa pode ser mais beneficiad­a”.

Os planos de estímulo anunciados por muitos países europeus, desde logo Alemanha e França, também são considerad­os pela gestora de ativos um elemento fundamenta­l, na medida em que vão suportar a retoma.

Ainda no universo das ações, o Japão é outra das regiões onde a BlackRock identifica oportunida­des de investimen­to. Além de as ações nipónicas ganharem com os estímulos fiscais implementa­dos pelas autoridade­s na região, André Themudo nota ainda a maior capacidade do país para controlar a crise pandémica.

Pelos motivos opostos, os mercados emergentes passaram a ter uma recomendaç­ão de “underweigh­t”. “Estes países estão numa situação mais delicada para enfrentar a crise” e têm menor capacidade para avançar com medidas orçamentai­s, como aconteceu nos mercados desenvolvi­dos, conclui o responsáve­l pelo negócio da BlackRock em Portugal.

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