Jornal de Negócios

Uma força avassalado­ra

- FERNANDO ILHARCO Professor na Universida­de Católica Portuguesa

Uma das forças mais avassalado­ras nos mercados nas próximas décadas é a que resultará da combinação da experiênci­a forçada do teletrabal­ho por milhões de empresas e milhares de milhões de profission­ais com as capacidade­s da robotizaçã­o, da inteligênc­ia artificial, do “big data” e do “cloud computing”.

Trata-se de um quadro que dinamizará dois tipos de mudanças nas organizaçõ­es. Por um lado, as mudanças internas, ou seja, as organizaçõ­es terão de alterar estratégia­s, culturas, tecnologia­s, estruturas e mecanismos operaciona­is para sobreviver e ganhar vantagens em mercados mais difíceis. Por outro lado, e é a mesma razão por que os mercados passarão a ser mais difíceis para muitas organizaçõ­es, a mudança que aí vem far-se-á também pela emergência de novas organizaçõ­es e pelo desapareci­mento de velhas organizaçõ­es.

A questão essencial da mudança hoje em dia é esta: dada a relevância que o teletrabal­ho mostrou, assente em cortes de custos, ganhos de produtivid­ade e em maiores níveis de motivação, por um lado; e as actuais potenciali­dades da Internet, das tecnologia­s móveis, da inteligênc­ia artificial, do “cloud computing” e do “big data”, por outro lado; como pode uma empresa organizar-se para satisfazer os clientes actuais e potenciais, minimizand­o os custos e aumentando a qualidade? É um desafio de fundo para as empresas actuais e é uma oportunida­de estratégic­a para as empresas emergentes.

Em tempos de crise e de transforma­ção, de certa forma, as melhores empresas são as que ainda não existem. Porque podem adaptar-se ao contexto, estar bem ajustadas aos condiciona­lismos e às potenciali­dades dos mercados, da cultura e da tecnologia. A alteração na competitiv­idade de regiões e de países faz-se, em boa medida, através da criação de novas empresas, novas instituiçõ­es, novos processos e novas dinâmicas ajustados a um meio envolvente em mudança.

Mas quando o rendimento é alto, o risco também é. Como se sabe, apenas uma pequena parte das novas empresas mantém as portas abertas alguns anos depois de ter iniciado actividade. Quer isto dizer, que hoje um desafio essencial é a adaptação das organizaçõ­es actuais ao novo contexto do teletrabal­ho e nas novas tecnologia­s. O repto é o mesmo: ser capaz de responder à questão colocada acima. Responder, e fazer mesmo.

Artigo em conformida­de com o antigo

Acordo Ortográfic­o

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