Valor das casas estava a acelerar no interior do país
Beira Baixa, Médio Tejo e Alentejo foram as regiões do país onde se registaram as maiores subidas de preços de venda das casas no primeiro trimestre deste ano, em relação ao final de 2019.
Às portas da pandemia, os preços das casas em Portugal voltaram não só a atingir níveis historicamente elevados, como a aumentar ao ritmo mais acelerado de sempre. Depois de um ano em que se registou um abrandamento nesta tendência, as subidas voltaram a acentuar-se e estão agora a acelerar há três trimestres consecutivos. No arranque deste ano, é sobretudo no interior do país, em regiões como a Beira Baixa ou o Alentejo, que esse movimento é mais notório.
Os dados foram publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que dá conta de uma subida generalizada dos preços das casas em todo o país. De acordo com o INE, o valor mediano das casas vendidas em Portugal no primeiro trimestre deste ano fixou-se em 1.117 euros por metro quadrado, o mais elevado desde que esta série estatística foi iniciada, no início de 2016. Este valor representa uma subida de 3,3% em relação ao último trimestre de 2019 e um crescimento de 10,5% face ao primeiro trimestre do ano passado, evoluções que, em ambos os casos, são as mais expressivas desde que há registo.
Assim, verifica-se uma aceleração dos preços há três trimestres consecutivos, desde o terceiro trimestre de 2019. Isto depois de, em 2018 e na primeira metade do ano passado, ter sido registado um abrandamento das subidas.
Este movimento observou-se por todo o país, mas, em termos trimestrais, é mais expressivo nas regiões do interior. Entre o último trimestre de 2019 e o primeiro de 2020, o preço das casas aumentou mais de 5% na Beira Baixa, no Médio Tejo e no Alentejo Central, chegando a subir quase 6% neste último caso. Estas foram as subidas mais acentuadas entre todas as regiões, seguindo-se ainda o Alto Tâmega e a Madeira, com crescimentos acima de 4%.
Nas regiões onde se encontram as cidades com mais de 100 mil habitantes, como as Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto ou a região de Coimbra, os preços continuaram a aumentar, mas a um ritmo mais lento, na ordem dos 3%, em linha com a variação que foi registada a nível nacional.
Já na análise à evolução anual dos preços, é nas regiões do Norte, também neste caso nas que ficam no interior, que se registam as subidas mais expressivas. O valor mediano das casas aumentou a dois dígitos no Cávado, Alto Tâmega, Tâmega e Sousa, Terras de Trás-os-Montes, Área Metropolitana do Porto e ainda na Área Metropolitana de Lisboa e no Alentejo Litoral.
Preços travam após confinamento
O INE ressalva que, tendo em conta que os dados em análise são relativos ao primeiro trimestre, altura em que só por cerca de duas semanas já tinha sido decretado o estado de emergência e imposto o confinamento, estes não traduzem ainda o impacto da pandemia no mercado habitacional. Dessa forma, poderão “distanciar-se das condições e tendências mais atuais do mercado”. Isso mesmo mostram já os números levantados por algumas imobiliárias.
O mais recente inquérito da Confidencial Imobiliário, relativo a maio, dá conta de uma “clara redução de atividade” no imobiliário, mas aponta que essa não se refletiu numa descida dos preços. Há, por outro lado, uma travagem nas subidas. “As variações mensais nos últimos três meses desaceleram a trajetória de valorização sentida ao longo de 2019 e início de 2020”, indica o inquérito.
Mesmo assim, as expectativas são positivas: “O mercado está a resistir à estratégia de redução de preço em reação à quebra nas vendas, pois existe uma forte convicção de que os níveis de preços praticados no mercado têm uma forte probabilidade de virem a ser observados novamente após o fim da crise pandémica.”