Jornal de Negócios

Ventura volta aos 10% e tira marca histórica a Marcelo

As descidas na sondagem da Intercampu­s do atual Presidente República e da potencial candidata Ana Gomes são capitaliza­das pelo já candidato André Ventura, do Chega, que duplica para 10% as intenções de voto.

- DAVID SANTIAGO dsantiago@negocios.pt

Agosto está a ser um mês produtivo para o Chega e o seu líder, André Ventura, que crescem nas intenções de voto medidas tanto para as legislativ­as como para as presidenci­ais do próximo ano.

A sondagem da Intercampu­s para o Negócios e o CM/CMTV atribui 10,1% ao candidato presidenci­al nacional-populista, o dobro dos 5% obtidos em julho e o regresso ao limiar dos dois dígitos depois de, em junho, ter alcançado 9,8%. Ventura ascendeu ao segundo lugar das preferênci­as dos portuguese­s como próximo inquilino de Belém.

Este reforço foi quase na totalidade conseguido à custa das intenções de voto perdidas pelos ainda eventuais candidatos oriundos dos campos políticos mais representa­tivos.

É que o atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, perde praticamen­te três pontos percentuai­s face aos 70,8% de julho para se fixar em 67,7%. Marcelo baixa assim da fasquia dos 70% e volta a ficar aquém do recorde histórico em termos de eleições presidenci­ais conseguido, em 1991, por Mário Soares (70,35%).

Também a potencial candidata da área socialista, Ana Gomes, perde terreno na corrida para Belém. A antiga embaixador­a e eurodeputa­da passa de 9,7% no mês passado para 8,7% em agosto.

As variações observadas mais à esquerda são marginais, com a bloquista Marisa Matias (4,2%) e o comunista Jerónimo de Sousa (2,5%) a registarem praticamen­te os valores de há um mês.

Com o país a banhos apesar da pandemia, a maré corre a favor dos intentos de Ventura. É que o barómetro da Intercampu­s divulgado esta segunda-feira mostrou o Chega a crescer perto de dois pontos percentuai­s para os 7,9%, ficando assim a mero meio ponto do Bloco de Esquerda. As subidas de Ventura (presidenci­ais) e Chega( (legislativ­as) surge após Rui Rio, líder do PSD, ter admitido entendimen­tos com esta força populista, o que normaliza o partido perante eleitores mais moderados.

André Ventura recuperou, em agosto, os cinco pontos perdidos em julho, o que mostra alguma volatilida­de num estudo com uma margem de erro de 4%. Esta recuperaçã­o aconteceu num contexto sociopolít­ico marcado pelo debate sobre se Portugal é, ou não, um país racista, desta feita suscitado pelo assassinat­o do ator Bruno Candé, alegadamen­te por motivação rácica.

A 2 de agosto, o Chega promoveu uma manifestaç­ão, em Lisboa, para dizer que “Portugal não é racista”. Ventura prometeu depois realizar um protesto idêntico sempre que a esquerda promovesse manifestaç­ões contra o racismo.

Entretanto, o candidato à presidênci­a da República anunciou, para 18 de setembro, a “maior marcha alguma vez vista” em Portugal contra o anti-racismo, a realizar em Évora paralelame­nte à segunda convenção do Chega, que contará com a presença de várias delegações de partidos europeus de extrema-direita.

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