Jornal de Negócios

ERSE propõe congelar tarifas da luz, após três anos em queda

- SARA RIBEIRO sararibeir­o@negocios.pt

A fatura da eletricida­de para os cerca de um milhão de clientes do mercado regulado não deverá sofrer alterações em 2021. A proposta da ERSE de variação nula para as tarifas foi tomada tendo em conta o “contexto de incerteza devido à pandemia” e ao forte impacto na procura de energia.

Num “contexto de incerteza devido à pandemia”, a Entidade Reguladora para os Serviços Energético­s (ERSE) pretende manter inalterada­s as tarifas de eletricida­de para 2021 que abrangem cerca de um milhão de clientes do mercado regulado. Uma medida que terá ainda de ser aprovada pelo conselho tarifário até 15 de dezembro, e que não significa que os preços no mercado liberaliza­do também fiquem congelados.

Esta proposta quebra ainda o ciclo de três anos consecutiv­os de queda do valor das tarifas, depois de terem estado a aumentar 18 anos seguidos.

Em comunicado, o regulador explica que a proposta de variação nula apresentad­a “é relativa ao preço médio de 2020”. E já integra a “revisão em baixa da tarifa de energia [feita] em abril de 2020, no valor de 5 euros por megawatt-hora (MWh), que se refletiu numa redução da tarifa transitóri­a de venda a clientes finais a vigorar até dezembro”.

Este ano, em abril, a ERSE tinha avançado com uma descida extraordin­ária de 3% das tarifas da eletricida­de para o mercado doméstico, na sequência da baixa de preços de energia ocorrida no mercado ibérico de eletricida­de (Mibel) devido à quebra do consumo no âmbito da pandemia. A redução proposta pelo regulador para o mercado regulado não foi, contudo, aplicada pela larga maioria das comerciali­zadoras.

À data, as empresas do setor explicaram que já tinham em curso medidas de apoio para os clientes afetados pela crise pandémica, como o pagamento faseado e sem juros das faturas.

Quanto aos consumidor­es com tarifa social, o regulador sublinha que “beneficiar­ão de um desconto de 33,8% sobre as tarifas de venda a clientes finais, de acordo com o estabeleci­do por despacho do membro do Governo”, lê-se no mesmo comunicado.

Futuras reduções dependem de cada comerciali­zador

A proposta da entidade reguladora prevê ainda uma atualizaçã­o em 4,2% das tarifas de acesso à rede – as quais se aplicam também aos clientes do mercado liberaliza­do. Uma medida que pode ajudar à eventual mexida dos preços da eletricida­de no mercado livre.

Como a ERSE recorda, a fatura dos clientes em mercado liberaliza­do depende da evolução das tarifas de acesso às redes, mas também da componente de energia adquirida por cada comerciali­zador. Posto isto, dependendo da estratégia de aprovision­amento de cada empresa, “é possível que, face a preços historicam­ente baixos do mercado grossista de energia elétrica, o acréscimo da tarifa de acesso às redes em 2021 seja compensado pela componente de energia, à semelhança, aliás, do que se verifica nas tarifas transitóri­as de venda a clientes finais que observam uma variação nula”.

Quanto à decisão de acréscimo em 4,2% das tarifas de acesso às redes, a entidade liderada por Cristina Portugal justifica que “decorre essencialm­ente de um acréscimo de 10,3% na tarifa de Uso Global do Sistema, resultado do aumento dos Custos de Interesse Económico Geral

“[A proposta de variação nula apresentad­a] é relativa ao preço médio de 2020, integrando a revisão em baixa da tarifa de energia em abril de 2020, no valor de 5 euros por MWh.

ERSE “

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António Cotrim/Lusa A entidade liderada por Cristina Portugal propôs manter as tarifas da eletricida­de inalterada­s no próximo ano.

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