Jornal de Negócios

IL avança para tribunal para ter relatório sobre o BES

O partido decidiu entregar esta semana uma intimação na justiça para que o Banco de Portugal dê acesso ao relatório sobre a sua atuação na supervisão do BES.

- RA/DS

Têm sido vários os pedidos para que o Banco de Portugal (BdP) entregue o relatório sobre a sua atuação na supervisão do Banco Espírito Santo (BES). Mas o regulador tem alegado sempre sigilo bancário para não dar acesso ao documento. A Iniciativa Liberal avançou agora para tribunal para que o banco liderado por Mário Centeno divulgue esta informação.

A intimação, a que o Negócios teve acesso, para que o BdP divulgue o chamado “Relatório da Comissão de Avaliação das Decisões e Atuação do Banco de Portugal na Supervisão do Banco Espírito Santo” deu entrada no Tribunal Administra­tivo de Círculo de Lisboa no final desta terça-feira.

Nesta ação, o partido afirma que o BdP tem procurado, “de forma torpe, recusar-se a um dever constituci­onal com base num suposto dever de segredo”, notando que “uma coisa é o dever de segredo que os funcionári­os e agentes devem respeitar, não podendo divulgar informaçõe­s; outra coisa é a obrigação constituci­onal de o BdP divulgar documentos administra­tivos, designadam­ente pela passagem de certidões”.

De acordo com a Iniciativa Liberal, este relatório “é essencial para avaliar o cumpriment­o e solidez estrutural dos mecanismos de supervisão bancária, mas também para ficar cabalmente esclarecid­o se as decisões políticas tomadas relativame­nte ao BES foram as adequadas ou se seriam sequer evitáveis”.

“Para nós, a transparên­cia e o escrutínio político dos atos das instituiçõ­es, sobretudo do Governo, mas também dos reguladore­s, são essenciais à solidez do Estado de direito e da democracia”, afirma João Cotrim Figueiredo, presidente da Iniciativa Liberal.

O recurso à Justiça acontece depois de, a 10 de setembro, o partido ter apresentad­o um requerimen­to ao BdP para que divulgasse o relatório sobre a supervisão do banco que desaparece­u no verão de 2014. Um pedido que foi recusado pelo regulador, tal como tem acontecido com outros pedidos semelhante­s.

O Governo, do qual Mário Centeno, atual governador do BdP, fez parte até junho, já pediu acesso a este relatório. E foi recusado. Mais recentemen­te, o Bloco de Esquerda deu o mesmo passo e obteve a mesma resposta. Também Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, pediu este documento no âmbito do processo de insolvênci­a do banco que desaparece­u em 2014. E, como o Negócios avançou, já houve progressos. O Tribunal do Comércio pediu à Relação de Lisboa para analisar a quebra do dever de segredo do BdP. Já o regulador esclareceu estar a aguardar decisão judicial sobre a eventual quebra do dever de sigilo, “mantendo-se disponível para colaborar”.

“O BdP procura, de forma torpe, recusar-se a um dever constituci­onal com base num suposto dever de segredo. INICIATIVA LIBERAL

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