Braço de ferro com Costa reforça Bloco de Esquerda
Os bloquistas são o partido que mais sobe no barómetro da Intercampus medido já em plena fase de negociação do Orçamento do Estado. A CDU é a força política que mais cai face a setembro e fica agora no patamar de CDS e PAN. PS e PSD registam pequenas subidas.
OBloco de Esquerda é o partido a registar a subida mais expressiva nas intenções de voto num contexto muito marcado pela primeira fase da discussão do Orçamento do Estado para 2021 (OE 2021). Já a coligação eleitoral entre o PCP e o PEV (CDU) é a força política mais penalizada no barómetro de outubro da Intercampus, recuando para níveis idênticos aos de CDS e PAN.
Na sondagem realizada para o Negócios e o CM/CMTV, o PS mantém-se estável na liderança destacada com 37,5%, sendo que o PSD beneficia de uma subida de meio ponto percentual para 24,8% para se conseguir aproximar ligeiramente dos socialistas.
Já o Bloco regista a maior subida face a setembro ao avançar acima de um ponto para 11%, o que permite prolongar a dinâmica de crescimento do partido iniciada em agosto (mês em que se fixava nos 8,5%).
Os bloquistas conseguem não só descolar do Chega na contenda pela posição de terceiro maior partido, como se distanciar da CDU na luta pela primazia à esquerda do PS. É que apesar de o partido populista de André Ventura obter uma pequena subida para 7,7%, o Chega cresce menos do que o Bloco. E porque a aliança entre comunistas e ecologistas regista a maior descida nesta sondagem, recuando de 5,1% em setembro para os atuais 4,3%.
A CDU, que em julho detinha os mesmos 6,2% do Chega, cai há três meses consecutivos nas intenções medidas pela Intercampus.
Seguem-se CDS e PAN empatados com 4,1% e ainda a Iniciativa Liberal que se aproxima destes partidos ao avançar para 2,4%.
Este estudo de opinião da Intercampus foi conduzido entre os dias 6 e 11 de outubro, um período fortemente marcado pelo agravamento da crise pandémica e pela negociação do orçamento para o próximo ano. Assim, a sondagem ajuda a aferir, ainda que parcialmente, a forma como os eleitores inquiridos interpretaram a prestação dos diferentes partidos nos dias que antecederam a entrega, no Parlamento, da proposta do Governo para o OE 2021, a 12 de outubro.
BE e CDU com rumos diferentes
A evolução em sentido inverso de Bloco e CDU coincide com um ajustar no posicionamento destas forças relativamente às suas prioridades orçamentais.
Depois de terem votado a favor dos quatro orçamentos da anterior legislatura e de se terem abstido para viabilizar as contas públicas de 2020, Bloco e PCP divergiram, pela primeira vez desde a geringonça, na votação do orçamento suplementar feita no verão: os bloquistas (a par do PSD) ajudaram a dar luz verde e os comunistas votaram contra.
Todavia, agora é o partido liderado por Catarina Martins que surge mais crítico das opções do Governo no OE 2021 e que parece mais disposto a votar contra caso o Executivo chefiado por António Costa não se aproxime das exigências bloquistas.
Por seu turno, e ainda que mantendo críticas à insuficiência da proposta de OE para responder aos problemas estruturais do país, é o PCP que se mostra mais satisfeito pela aproximação do Executivo às suas pretensões e que, tal como garantia há algumas semanas o comentador Marques Mendes, parece mais encaminhado para ajudar o Governo a viabilizar o documento.
Jerónimo recupera, Ventura volta a cair
Se a CDU é a força que mais perde em relação ao mês passado, o secretário-geral comunista é o líder partidário com o maior reforço de popularidade face a setembro. Numa escala de 1 a 5, Jerónimo de Sousa sobe de uma avaliação de 2,3 para 2,6 e põe fim a um ciclo de alguns meses de perda de popularidade.
Se Jerónimo recupera, Ventura desce pelo segundo mês para uma negativa de 2 valores. A avaliação ao líder do PS e primeiro-ministro, António Costa, tem uma descida ténue para 3,3, enquanto Rui Rio (3),presidente do PSD, e Catarina Martins (3,1), coordenadora do BE, mantêm as notas de setembro. Também os líderes do PAN, CDS e IL, respetivamente André Silva (2,6), Francisco Rodrigues dos Santos (2,5) e João Cotrim Figueiredo (2,5) continuam com a mesma avaliação do mês anterior. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, mantém-se com 3,8.
Temido ainda a mais popular
A ministra da Saúde continua a ser, de longe, a governante preferida dos portugueses. Marta Temido é a melhor ministra para 20,9% dos entrevistados, embora seja vista como a pior governante por 10,8%. E Graça Fonseca, ministra da Cultura, tem o pior registo, sendo vista como a pior governante por 14,1%.
Maiores partidos sem grandes variações. Bloco volta a crescer e CDU prolonga ciclo de quedas.