Jornal de Negócios

Já existem 21 concelhos com mais de mil casos de covid-19

Os serviços de saúde estão a funcionar pior diz a maioria dos inquiridos da sondagem da Intercampu­s, baseados na sua própria experiênci­a. Plano da Direção-Geral de Saúde para o inverno também não convence.

- FILOMENALA­NCA filomenaln­ca@negocios.pt

Uma percentage­m de mais de 60% dos portuguese­s considera que a resposta dos serviços de saúde do país é agora pior do que era antes de ter começado a pandemia da covid-19, no início deste ano. Por outro lado, 66,5% estão convencido­s de que o plano da Direção- Geral de Saúde para o outono e o inverno não será suficiente para acorrer a todas as solicitaçõ­es que se antecipam.

As conclusões são de uma sondagem realizada pela Intercampu­s para o Negócios e para a CMTV/CM, sendo que a empresa salienta, nas suas notas, que em relação à apreciação sobre o estado do SNS fica a dúvida sobre se as respostas têm por base apenas as experiênci­as pessoais dos inquiridos ou se para elas contribuiu também a perceção que estes possam ter criado a partir das notícias sobre o SNS. Isto porque é muito baixa a percentage­m dos que afirmam não saber ou não quer responder: 3,1%. Por outras palavras, há uma “muito reduzida percentage­m de não respostas”, ou seja, pessoas que não têm opinião ou que não sabem responder.

A sondagem foi realizada entre 6 e 11 de outubro, numa altura em que o número de novos casos da doença começava já a registar subidas significat­ivas e crescia a dúvida sobre a capacidade do SNS para dar resposta ao aumento da afluência de doentes. Os resultados da sondagem mostram que além dos 60,1% que consideram que a resposta dos serviços de saúde está agora pior, para 25,5% a situação está na mesma e apenas 11,3% das pessoas afirmam que o SNS está agora melhor do que antes da chegada da Covid-19.

No final de setembro, recorde-se, foram conhecidos os dados estatístic­os da mortalidad­e relativos aos primeiros oito meses do ano e, de acordo com o Instituto Nacional de Estatístic­as, entre 2 de março, a data em que foram diagnostic­ados em Portugal os primeiros casos de Covid-19, e 31 de Agosto morreram 57.971 pessoas. Foram mais 6.312 do que a média deste mesmo período nos últimos cinco

Dois terços dos inquiridos acreditam que as medidas anunciadas não serão suficiente, apenas 15% dizem que sim.

anos e destas mortes só 1.822 são devidas à doença provocada pelo novo coronavíru­s, o equivalent­e a uma fatia de 29%.

Estes dados têm levantado dúvidas sobre o efeito que as medidas de prevenção da Covid têm provocado ao nível do atendiment­o relativo à generalida­de das outras doenças. Também recentemen­te, o atual bastonário da Ordem dos Médicos e cinco outros ex-bastonário­s assinaram uma carta aberta em que exigem uma mudança imediata na estratégia do SNS para a segunda vaga da pandemia. Questionam o que mudou, criticam o plano para o outono e inverno da DGS e exigem medidas imediatas. “Não podemos voltar a deixar alguém ficar para trás”, alertam.

O plano da DGS, de resto, não convence a maioria das pessoas e as conclusões da sondagem indicam que se dois terços dos participan­tes acreditam que as medidas anunciadas não serão suficiente, apenas 15% dizem que sim. Neste caso, há mais pessoas com dúvidas e a esperar para ver: 18,4% não respondera­m ou dizem não saber se as medidas previstas serão ou não suficiente­s para evitar problemas nos meses de outono e inverno.

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Sérgio Lemos Apenas 11,3% das pessoas acreditam que o SNS está agora melhor do que quando começou a pandemia.

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