Primeiro o mel, agora o fel...
Durante seis anos, António Costa vendeu facilidades: crescimento económico, défices em baixa, resolução dos problemas estruturais das finanças públicas, desemprego em queda... Ele, o secretário-geral mais à esquerda que o partido alguma vez teve, conseguia provar que as contas certas não eram exclusivo da direita.
Mas depois veio uma pandemia. E o mundo socialista mudou em 15 dias. Nada que surpreendesse: em 2008 já tínhamos visto o mesmo “número”. O mesmo Costa que em seis anos vendeu a banha da cobra como ninguém, foi apanhado num beco sem saída. A tal ponto que esta semana veio admitir um Orçamento retificativo. Não para 2020, mas para 2021.
Que diabo, dirá o leitor. Mas o Orçamento ainda não está votado...! É verdade. O OE 2021 ainda nem sequer está negociado e já se fala em retificativo? É obra: então o homem dos milagres, o que se gabava de nunca ter feito um retificativo, já o admite (ele e o ministro das Finanças, que dias antes dissera o mesmo) antes mesmo de ter Orçamento para 2021?
Dói, caramba. Dói muito. O arauto do “comigo-não-há-retificativos” a fazer figura pior do que Vítor Gaspar (esse, pelo menos, nunca precisou de retificativos antes de votar os orçamentos originais)? No kidding!
É assim a vida dos charlatães: à primeira dificuldade batem com a cabeça na parede. E Costa até se pode dar por feliz. Vai ser gozado pelos nomes que chamou a Gaspar, mas tem a sorte de a Europa lhe ter posto à disposição 13,5 mil milhões a fundo perdido. Senão a esta hora já teria no currículo uma pré-bancarrota (a 4.ª da 3.ª República).
O karma é tramado. Sobretudo quando se passa o tempo a cuspir para o ar. E a procissão ainda nem chegou ao adro...