Preços das fusões na Europa ajustam-se a favor dos vendedores
Apesar das tensões geopolíticas e dos desafios económicos, em 2023 assistiu-se a um mercado de fusões e aquisições “resiliente”, segundo a CMS. O valor das operações tem beneficiado quem está a vender.
O ano passado foi “desafiante” para as fusões e aquisições (M&A na sigla em inglês) a nível europeu, segundo indica o relatório anual da CMS, que aponta para as pressões inflacionistas, taxas de juro elevadas, crescimento económico mais lento e tensões geopolíticas. A aceleração do número de negócios no final de 2023 reforça as expectativas para 2024, ano em que se espera um ajustamento de preços a favor de quem vende os ativos.
“As conclusões do nosso estudo apontam para uma tendência ‘seller-friendly’ ao nível da dinâmica das transações e um volume de operações robusto em 2024. Essas circunstâncias vão provavelmente influenciar as negociações do preço das operações e determinar um ajuste a favor dos vendedores”, diz Francisco Xavier de Almeida, sócio de Corporate M&A da CMS Portugal.
Os dados de 2023 demonstram algumas alterações ao nível dos preços, com reduções no número de transações que envolvem reduções do preço de compra. Além disso, também mudou o perfil de investidores.
Os investidores estratégicos foram mais ativos em 2023 – tanto como vendedores (44%) como enquanto compradores (77%) – do que em 2022. Por outro lado, os investidores financeiros foram compradores menos ativos (17% das transações, menos 5% face a 2022 e à média móvel anterior). Houve ainda menos vendas de pessoas singulares em 2023.
“A subida das taxas de juro e outros fatores geopolíticos que temos observado promoveram alguma retração dos investidores financeiros que têm sido mais cautelosos. Contudo, continua a existir bastante liquidez no mercado o que, associado à descida das taxas de juro que se antecipa, poderá contribuir para que esta situação se possa alterar”, afirma Xavier de Almeida.
O especialista em M&A sublinha que resulta do estudo que os investidores a nível europeu olham para o ano em curso com otimismo, uma tendência que deverá refletir-se também a nível nacional – havendo estabilidade política.
“O desempenho do mercado de M&A em Portugal estará alinhado com esta perspetiva não obstante circunstâncias que nos são específicas, designadamente a nível político. Antecipamos também que, em 2024, continuará a aumentar o número de transações em que as partes utilizam W&I insurance enquanto que a nível europeu esta é uma tendência mais consolidada”, acrescenta.
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Os próximos meses vão ser curiosos. De um lado temos um punhado de analistas a afiançar que o Governo vai cair dentro de meses. Do outro temos a expectativa de perceber que tipo de Governo vamos ter (fraco? Forte?). E do outro temos os partidos a tentar marcar as suas posições.
Já sabemos que o PS apoiará um retificativo… se for de “distribuição”. O Chega já disse o mesmo e suspeita-se que a IL fará igual. O problema vai-se colocar quando chegarmos ao orçamento para 2025. Aqui o PS também já foi claro: chumba o OE. E o Chega? André Ventura também já disse: se não houver acordo com o PSD, chumba o orçamento.
O que é que decorre daqui? Que se o orçamento para 2025 for chumbado, com muita probabilidade o país volta a eleições (Marcelo teria de ser coerente com o que fez em 2022…). E como fica o Chega perante essa possibilidade? O líder do partido diz que não está preocupado, dando a entender que o partido até continuará a crescer…
É mesmo assim? Muito provavelmente não. Os portugueses tiveram eleições em 2022 e voltaram a ter em 2024. Aceitariam de bom grado voltar às urnas em 2025 sem penalizar quem provocou uma crise política? Tenho as maiores dúvidas. E suspeito que o líder do Chega também as terá. Só que a política é feita de “bluffs”. E qualquer político digno desse nome sabe explicar amanhã porque toma uma decisão diferente da que anuncia hoje: as circunstâncias mudaram.
Provavelmente quem manda no PSD também sabe isso, razão pela qual não está preocupado em responder já a Ventura. Até para não acicatar ainda mais os ânimos no Chega… e para não passar para o país a imagem de promotor da instabilidade.
E o OE 2025? Esse ainda vem longe…
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“Bluff ” e política