A participação relevante do setor bancário no combate ao risco climático
No mundo em transformação, as alterações climáticas avançam a um ritmo alarmante e a capacidade de quantificar e gerir os riscos climáticos tornou-se uma questão urgente, com desafios e soluções emergentes para o setor bancário. A natureza transversal do processo de adaptação das economias às mudanças climáticas requer uma resposta global. Segundo dados da Aon, o ano passado ficou marcado por 421 eventos climáticos extremos que geraram perdas económicas na ordem dos 313 mil milhões de dólares, dos quais apenas 42% foram cobertos por seguros. Este cenário leva-nos a uma reflexão profunda sobre qual o papel dos bancos e da indústria seguradora na mitigação dos riscos climáticos. A urgência de agir é palpável, como evidenciado pela decisão de grandes “players” do setor segurador, como a State Farm e a Allstate, de cessar a emissão de novas apólices de seguro de habitação na Califórnia devido ao risco climático, especialmente relacionado com incêndios florestais. Num esforço para enfrentar estes desafios, a Reserva Federal dos EUA está a realizar um exercício-piloto de Análise de Cenários Climáticos com seis grandes bancos, com o objetivo de identificar quais as práticas de gestão de risco climático. Assim, para além das iniciativas regulatórias, os bancos estão já a explorar uma série de ferramentas para quantificar o risco climático, ao permitir uma melhor compreensão dos impactos de eventos climáticos extremos, no curto e longo prazo. A integração de modelos nas estratégias de gestão de risco dos bancos é crucial para antecipar e mitigar as potenciais perdas financeiras decorrentes de desastres climáticos. Mas o desafio não termina na quantificação dos riscos. Os bancos estão a trabalhar em estreita colaboração com os seus clientes para avaliarem as localizações e os riscos físicos decorrentes das operações, bem como a resiliência das comunidades onde operam. Assim, é, sem dúvida, essencial esta ação dos bancos introduzindo a quantificação e a gestão do risco climático como parte integrante da sua estratégia. A ação rápida e informada não é apenas uma responsabilidade corporativa, é também uma exigência para a sustentabilidade do setor financeiro num mundo cada vez mais afetado pelas alterações climáticas. Os bancos, em conjunto com a indústria de seguros, têm um papel fundamental a desempenhar na promoção de uma economia mais resiliente aos desafios impostos pelo clima. ■