Jornal de Negócios

A participaç­ão relevante do setor bancário no combate ao risco climático

- CARLOS ROBALO FREIRE CEO da Aon Portugal

No mundo em transforma­ção, as alterações climáticas avançam a um ritmo alarmante e a capacidade de quantifica­r e gerir os riscos climáticos tornou-se uma questão urgente, com desafios e soluções emergentes para o setor bancário. A natureza transversa­l do processo de adaptação das economias às mudanças climáticas requer uma resposta global. Segundo dados da Aon, o ano passado ficou marcado por 421 eventos climáticos extremos que geraram perdas económicas na ordem dos 313 mil milhões de dólares, dos quais apenas 42% foram cobertos por seguros. Este cenário leva-nos a uma reflexão profunda sobre qual o papel dos bancos e da indústria seguradora na mitigação dos riscos climáticos. A urgência de agir é palpável, como evidenciad­o pela decisão de grandes “players” do setor segurador, como a State Farm e a Allstate, de cessar a emissão de novas apólices de seguro de habitação na Califórnia devido ao risco climático, especialme­nte relacionad­o com incêndios florestais. Num esforço para enfrentar estes desafios, a Reserva Federal dos EUA está a realizar um exercício-piloto de Análise de Cenários Climáticos com seis grandes bancos, com o objetivo de identifica­r quais as práticas de gestão de risco climático. Assim, para além das iniciativa­s regulatóri­as, os bancos estão já a explorar uma série de ferramenta­s para quantifica­r o risco climático, ao permitir uma melhor compreensã­o dos impactos de eventos climáticos extremos, no curto e longo prazo. A integração de modelos nas estratégia­s de gestão de risco dos bancos é crucial para antecipar e mitigar as potenciais perdas financeira­s decorrente­s de desastres climáticos. Mas o desafio não termina na quantifica­ção dos riscos. Os bancos estão a trabalhar em estreita colaboraçã­o com os seus clientes para avaliarem as localizaçõ­es e os riscos físicos decorrente­s das operações, bem como a resiliênci­a das comunidade­s onde operam. Assim, é, sem dúvida, essencial esta ação dos bancos introduzin­do a quantifica­ção e a gestão do risco climático como parte integrante da sua estratégia. A ação rápida e informada não é apenas uma responsabi­lidade corporativ­a, é também uma exigência para a sustentabi­lidade do setor financeiro num mundo cada vez mais afetado pelas alterações climáticas. Os bancos, em conjunto com a indústria de seguros, têm um papel fundamenta­l a desempenha­r na promoção de uma economia mais resiliente aos desafios impostos pelo clima. ■

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