O falhanço da operação Estados Unidos
Em 1999 a Cimpor aliou-se à Votorantim, com quem tinha uma boa relação, para comprar a Southdown, empresa de cimentos americana que tinha doze fábricas espalhadas pelos Estados Unidos. Quadros das duas empresas viajaram num jato alugado da Costa Oeste à Costa Leste, ao longo de duas semanas, para ver as 12 fábricas, com uma produção de 12 milhões de toneladas anuais, e contando com 45 centros de distribuição em 27 estados.
A compra destes ativos iria custar cerca de 2 mil milhões de dólares. O plano previa uma partilha equitativa dos ativos, que já estavam selecionados por cada uma das empresas. Esta aquisição daria uma dimensão à Cimpor que dificultaria a sua compra pelos seus competidores.
Decidira-se também que a operação seria anunciada pelas três empresas a 25 de junho de 2000, um domingo, depois de uma audiência no ministério da tutela a 22 de junho.
Porém, a 18 de maio de 2000, o então semanário Jornal de Negócios fez a manchete: “Cimpor prepara-se para comprar Southdown”. Dias antes, na assembleia geral da Cimpor os acionistas foram informados da existência de negociações e votaram um aumento de capital até mil milhões de euros.
A 25 de maio de 2000, o Público noticiava, com base em fontes do Ministério das Finanças, que a mexicana Cemex, a terceira maior cimenteira do mundo, propusera ao Governo uma fusão com a Cimpor das operações internacionais da Cemex, excluindo as suas atividades na América Central e do Norte, com a sede a ficar em Lisboa. A proposta foi comunicada aos outros acionistas como BPI, Teixeira Duarte, BCP e Secil.
A 15 de junho de 2000, Luís Palha da Silva e Raúl Caldeira, gestores da Cimpor, estavam em Nova Iorque, em trânsito para Houston, para assinar o contrato de compra da Southdown, quando receberam um telefonema de Lisboa a cancelar o processo e para a equipa da Cimpor regressar porque a OPA impedia que se tomassem decisões que não fossem da gestão quotidiana.
A Secilpar, em concertação com a Holcim, anunciara uma OPA sobre a Cimpor. A aquisição da Cimpor implicaria a repartição das atividades, com a Secil a ficar com os negócios em Espanha, Egito, e a Holderbank absorveria Portugal, Marrocos, Tunísia, Moçambique, e parte das atividades no Brasil.
A Southdown, então o segundo maior produtor dos Estados Unidos, foi adquirida pela Cemex por 2,8 mil milhões de dólares em 30 de setembro de 2000. ■
Em 1999 a Cimpor aliou-se à Votorantim, com quem tinha uma boa relação, para comprar a Southdown.
A Southdown acabou por ser adquirida pela Cemex por 2,8 mil milhões de dólares no ano 2000.