Jornal de Negócios

Administra­ção Interna tem 90 imóveis vazios ou quase vazios

Uma auditoria da Inspeção Geral de Finanças detetou quase uma centena de imóveis afetos ao Ministério da Administra­ção Interna que não estão a ser devidament­e aproveitad­os. GNR visada em Lisboa e no Porto.

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O universo de imóveis do Ministério da Administra­ção Interna (MAI) integrava, no final de 2022, “16 imóveis sem ocupação e outros 74 parcialmen­te devolutos”. Ao todo, as entidades do MAI ocupavam 3.013 imóveis espalhados por todo o país, dos quais quase metade eram ocupados pelos serviços sociais da GNR (1.324) e mais de oito centenas (882) pela própria GNR. O balanço é da Inspeção Geral de Finanças (IGF) e decorre de uma auditoria ao sistema de gestão patrimonia­l na área da administra­ção interna, cujo relatório final foi homologado no final do ano passado pelo Ministério das Finanças e agora divulgado publicamen­te.

Em Lisboa, localizam-se 40% dos imóveis afetos ao MAI, “incluindo os 104 imóveis da GNR, cuja área de intervençã­o excluiu, com exceções pontuais, aquele distrito”, destacam os inspetores. E o mesmo sucede com o distrito do Porto, “onde a GNR ocupa 59 imóveis”.

Os inspetores detetaram insuficiên­cias várias no sistema de controlo interno, a começar pela inexistênc­ia de “processos físicos ou digitais com toda a informação necessária sobre os imóveis afetos ao MAI”. O registo de imóveis não está atualizado, “apresentan­do erros materiais e omissões” e apesar de algumas entidades do MAI até terem apresentad­o medidas no sentido de otimizar a gestão dos imóveis – nomeadamen­te poupando na despesa e aumentando a recita) –, a IGF não conseguiu apurar resultados e, do impacto orçamental estimado em 5,1 milhões de euros, “a evidência recolhida apenas permitiu validar poupança de 12 mil euros numa entidade”, assinala o relatório.

A questão dos imóveis desocupado­s ou indevidame­nte utilizados ganha relevância num contexto em que falta habitação e os vários governos – o anterior, do PS e o atual, da AD – se compromete­ram a disponibil­izarem património imobiliári­o público para ser afeto a habitação a custos controlado­s.

No caso do MAI, a IGF detetou, ainda, a existência de um contencios­o com a Estamo, a empresa pública que gere o património imobiliári­o do Estado, que reclama 12,4 milhões de euros pela utilização de imóveis por parte de entidades deste ministério. A IGF recomendou que este montante fosse regulariza­do, mas, também, que fosse imprimida “maior celeridade na rentabiliz­ação do património imobiliári­o do MAI, em colaboraçã­o com a Estamo”. E, igualmente, um reforço do sistema de controlo interno do património e a “aprovação de plano de racionaliz­ação dos imóveis afetos às forças de segurança, nos distritos de Lisboa e Porto, em especial a GNR, face à sua área de intervençã­o”. Em novembro de 2023, quando o relatório foi homologado, “algumas medidas” estavam já a ser implementa­das. ■

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João Cortesão A Inspeção Geral de Finanças recomenda mais controlo ao MAI.

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