Babel: um “cocktail” de três mulheres
Podia ter sido Iolanda Lourinho, chef dos “cocktails”, a misturar uma dose de restaurante, outra de “guesthouse” e uma terceira de espaço cultural. O resultado foi o espaço Babel, que abriu as portas no centro histórico do Porto, na Rua dos Caldeireiros.
A casa está a cargo de três mulheres. Além da responsável das bebidas, estão a cozinheira Ana Leão e a gerente Joana Ferreira, que avisa que “todo o espaço pode eventualmente ser de partilha”. Explica que receção da “guesthouse” “é também o local para jantares de grupo, a sala dos quartos pode valer para eventos mais privados e o restaurante já serviu como área de concerto”. Joana Ferreira avança que estão na calha “lançamento de livros, ‘workshops’ de cerâmicas, ‘talk sessions’, jantares vínicos, e ‘pop-ups’ com as duas chefs”.
Ana Leão, mais conhecida por Leoa, prepara pratos como “focaccia” com azeitonas acompanhada de húmus, tártaro de peixe ou um arroz com caldo aromático de crustáceos, camarão e ervas frescas. A harmonização é feita pela chef “coqueteleira” Iolanda Lourinha com as suas bebidas de autor e uma seleção de vinhos.
A chef do bar garante que “os ‘cocktails’ podem perfeitamente fazer ‘paring ou contra-paring’ com comida”, ou seja, os que preparam os clientes para comer e acompanham a refeição ou “os que se utiliza ingredientes que vão suavizar/cortar sabores mais extremos”.
Iolanda Lourinha era investigadora científica, mas optou pelo “bartending”, onde desenvolveu, entre outros projetos, a criação de “cocktails” com vinho do Porto. Para a casa criou um “cocktail” cor-de-rosa representativo das três mulheres com perfis diferentes. A gerente apaixonada por Bushmills, a cozinheira pelo gosto de trabalhar fruta e ingredientes de época e ela própria com o vinho do Porto: “um ‘milkpunch’, em que se usa o leite para clarificar o ‘cocktail’ e tem como base
A CASA ESTÁ A CARGO DE TRÊS MULHERES. ALÉM DA RESPONSÁVEL DAS BEBIDAS, ESTÃO A COZINHEIRA ANA LEÃO E A GERENTE JOANA FERREIRA.
Cockburn’s Ruby Soho, Bushmills e Apricot”. Resultado, o Apricot Euphoria que se tornou o “best seller” do espaço. Iolanda garante que vai havendo cada vez mais clientes portugueses que optam por acompanhar as refeições com ‘cocktails’, mas reconhece “que o público estrangeiro está mais habituado”.
A comida está associada às experiências da chef de cozinha Ana Leão. Viveu cinco anos numa carrinha na Austrália e, dessa experiência, recorda “situações caricatas que envolveram banhos muito frios, criaturas desconhecidas, caça, pesca e aventuras com desconhecidos que ficaram amigos para a vida”. Esteve em restaurantes, serviços de “private chef” e em quintas e espaços de produção agrícola, onde, relembra, trabalhou com todo o tipo de frutas e legumes e ainda “na recolha de caviar de salmão sustentável, cultura de flores e plantação de árvores”. Admite que as experiências a fizeram “aprender a respeitar o processo de crescimento e desenvolvimento dos produtos e a valorizá-los”. Entre os restaurantes em que trabalhou – de “O Velho Eurico”, “Musa nas Virtudes” à “Marmorista” –, Ana Leão passou por Tenerife e Barcelona e destaca o “Dos Palillos” porque a ensinou “muitas técnicas diferentes e a importância de saber fazer tudo dentro de um restaurante”.
O Babel, referido como “refúgio cultural”, alberga três espaços, três mulheres, hóspedes, convidados e fregueses. No centro do Porto.