Jornal de Negócios

Plantação de canábis em terrenos comprados por Álvaro Covões estava desmantela­da

O empresário, que controla a promotora de espetáculo­s Everything is New, esclarece que na altura da compra dos terrenos em Odemira a “antiga plantação de canábis medicinal” já não existia.

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Os dois terrenos localizado­s na freguesia de São Teotónio, em Odemira, e que pertenciam à norte-americana Clever Leaves foram adquiridos por Álvaro Covões, maior acionista da promotora Everything is New, numa lógica de “investimen­to de médio ou longo prazo”, explica o empresário ao Negócios.

Covões frisa que na altura da compra a plantação de canábis para fins medicinais da Clever Leaves já se encontrava “totalmente desmantela­da”.

O empresário refere que exerceu o direito de preferênci­a por ser copropriet­ário dos terrenos da Herdade da Casa Branca, onde se realiza o festival Sudoeste, que são contíguos aos terrenos agora adquiridos.

Os terrenos em causa, que totalizam mais de 85 hectares, foram comprados por 1,4 milhões de euros, um valor muito inferior ao pago pela multinacio­nal norte-americana quando se instalou no litoral alentejano.

Para já, Álvaro Covões diz não ter a certeza do uso a dar aos terrenos, admitindo, entre outras possibilid­ades, arrendar parte para, por exemplo, a produção de morangos.

“Foi um investimen­to, aproveitan­do uma oportunida­de, para adquirir uns terrenos vastos e localizado­s numa área que tem valorizado”, resume.

O empresário revela que quando soube da possibilid­ade de exercer o direito de preferênci­a se informou sobre os preços praticados na área e decidiu avançar para a compra ao constatar que o preço a pagar comparava favoravelm­ente com os valores do mercado.

Na edição de quarta-feira do Jornal de Negócios foi noticiado que Álvaro Covões e a sua mulher, Cristina, tinham comprado a plantação de canábis à Clever Leaves, não sendo referido que a plantação tinha, entretanto, sido desmantela­da.

As duas propriedad­es compradas pelo casal Covões incluem zonas de cultivo, um canal de rega, uma barragem e edifícios.

A aposta falhada da Clever Leaves em Portugal

“O que eu comprei foram terrenos. Não havia nenhuma plantação de canábis. ÁLVARO COVÕES Diretor executivo da Everytying is New

A “aventura portuguesa” da Clever Leaves acabou por se revelar um insucesso financeiro.

A empresa estimava, aliás, na altura em que anunciou o fim das operações em Portugal – em janeiro do ano passado – custos na ordem dos 19 a 21 milhões de dólares (17,6 a 19,4 milhões de euros ao câmbio atual). Deste montante, 12 a 13 milhões de dólares (11,1 a 12 milhões de euros) estavam relacionad­os com imóveis, propriedad­es e equipament­os.

As perdas devidas ao inventário não vendido estariam na ordem dos 7 milhões, aos quais acrescem 700 mil a 900 mil dólares (648 mil a 833 mil euros) associados às indemnizaç­ões aos 63 trabalhado­res que empregava na altura.

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