Jornal de Negócios

Argumento a favor de corte de juros do BCE “reforça-se”

Os relatos do último encontro indicam que os governador­es não esperam ter informação suficiente este mês para avançar com cortes.

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A decisão tomada a 7 de março de manter as taxas de juro de referência do Banco Central Europeu (BCE) teve o apoio de todos os membros do Conselho – um grupo onde Portugal é representa­do por Mário Centeno. Apesar disso, mostram os relatos do encontro divulgados esta quinta-feira, a ideia de cortar está a ganhar ímpeto.

“Embora fosse sensato aguardar os dados e as evidências que vão chegando, os argumentos a favor da redução das taxas estavam a reforçar-se”, indica o documento relativo à reunião de política monetária, na qual foi decidida a quarta pausa consecutiv­a no ciclo de subidas. Este dura desde julho de 2022, depois de terem sido concretiza­dos 10 aumentos, num total de 450 pontos base, para tentar domar a inflação na região.

A taxa de depósitos mantém-se, assim, no máximo de sempre de 4%, a aplicável às operações principais de refinancia­mento em 4,5% e a de cedência de liquidez em 4,75%.

Na altura, o BCE reviu também em baixa as estimativa­s de cresciment­o económico e de inflação na Zona Euro para 2024, esperando que o PIB cresça 0,6% e que os preços aumentem 2,3% este ano. Cortou também a estimativa para a inflação em 2025, para 2%, e manteve os 1,9% esperados para 2026.

Esta atualizaçã­o de projeções é uma das razões para o tal reforço de expectativ­as face a um eventual corte de juros. Ainda assim, “foi consensual que seria prematuro discutir cortes nas taxas na presente reunião”, referem as atas. “Em vez disso, foi afirmado que era importante avançar mais no processo de desinflaçã­o e acumular provas adicionais para que o Conselho do BCE estivesse suficiente­mente confiante de que a inflação iria regressar ao objetivo de forma atempada e sustentáve­l”.

Os governador­es sublinhara­m a necessidad­e de a política permanecer “dependente” dos dados – tal como a presidente Christine Lagarde tem reiterado. “Foi salientado que, além das novas projeções dos especialis­tas, o Conselho do BCE disporia de muito mais dados e informaçõe­s até à reunião de junho, especialme­nte sobre a dinâmica salarial”, indica, sinalizand­o que será apenas nessa altura que irá avançar e não na próxima semana, data em que os governador­es voltam a encontrar-se para decidir a política monetária da Zona Euro.

“Em contraste, a nova informação disponível a tempo da reunião de abril seria muito mais limitada, tornando mais difícil estar suficiente­mente confiante quanto à sustentabi­lidade do processo de desinflaçã­o nessa altura”, acrescenta­m os relatos.

“A nova informação disponível a tempo da reunião de abril seria muito mais limitada [do que em junho]. RELATOS Reunião de política monetária do BCE de 7 de março

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