O PS já obedece a Bruxelas?
A liderança do Partido Socialista está muito preocupada com as “contas certas”. De tal forma que anda por aí a dar conselhos à AD para não voltar aos défices orçamentais e ao aumento de dívida. Pelo meio ainda lembra (acertadamente, aliás) que o país tem de respeitar as regras orçamentais da União Europeia, suspensas por causa da pandemia e recuperará das agora (aplicáveis a partir de 2025).
Como os leitores sabem, esta coluna é defensora ferrenha da ortodoxia orçamental e monetária. Razão pela qual rejubila ao ver um ex-delinquente (PS) recuperado para o bom caminho. Mas o apoio à ortodoxia orçamental não tem nada a ver com questões teóricas: quem não tem contas públicas em ordem paga por isso. Juros mais altos, por exemplo; falta de espaço para fazer investimento público (outro exemplo); impostos elevados (mais um exemplo)…
O que é que é de estranhar nesta posição do PS? É ver que um partido e dirigentes que passaram anos a criticar a submissão do país às regras impostos do exterior, nomeadamente de Bruxelas, apareçam agora a defender o que sempre criticaram durante o período da troika.
Dir-se-á que estamos em planos diferentes porque não vivemos em austeridade. Vivemos sim. Como se vê pelo corte no investimento público (em 8 anos o PS nunca cumpriu o que prometeu em 8 Orçamentos do Estado). E como se vê pelos protestos de corporações, com destaque para o dos professores, que querem que este Governo devolva aquilo que o do PS não devolveu em 8 anos.
As contas certas… estão certas? Isto é, faz sentido defender contas certas? Faz. Mas como acordo de regime. Não vale dizer uma coisa hoje e outra amanhã, conforme dá jeito aos interesses de um partido.
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