Projeto de “combustível do futuro” no Montijo em leilão por 14 milhões
Venda online resulta de um processo de desinvestimento e inclui terreno com mais de 52 hectares, localizado em Canha, que possui um Pedido de Informação prévio (PIP) para a construção de uma fábrica de amónia verde.
Até 2050, a procura de amónia verde, que é produzida a partir de hidrogénio renovável – através de um processo denominado eletrólise –, deverá ser três a quatro vezes superior à produção atual de amónia “cinzenta”, sugere um estudo desenvolvido pela Universidade de Oxford, publicado já este ano na revista Environmental Research. Uma procura que vai exigir gigantes investimentos em infraestruturas para a produção daquele que é também chamado de “combustível do futuro”. Ainda recentemente o consórcio internacional Madoquapower2x anunciou um aumento de investimento de 1,3 para 2,8 mil milhões de euros nas unidades de produção de hidrogénio e amoníaco verdes na zona industrial de Sines.
Mas também se regista desistências, como a do consórcio que juntava a Engie, a Shell, a Vopak e a Anthony Veder, que deixou cair o projeto de produzir hidrogénio verde em Sines para exportação para Roterdão.
E é no meio deste frenesim “verde” que o Negócios se deparou com um leilão online de um terreno com 52,3 hectares, localizado em Canha, Montijo, que possui um Pedido de Informação Prévia (PIP) aprovado para a construção de uma fábrica de amónia verde. Valor base: 14 milhões de euros, com abertura de licitações a partir de 10 milhões. “O processo de venda resulta de um projeto de desinvestimento, em parceria com a Leilosoc Worldwide, estabelecimento de leilão responsável pela organização do evento”, adiantou a leiloeira ao Negócios.
De acordo com a leiloeira, a venda engloba, além do terreno, “inteiramente plano e desarborizado, todo o projeto de engenharia já desenvolvido pela TNE – e com a respetiva transição da consultora para o novo proprietário –, fornecedores de equipamentos internacionais já selecionados, clientes para compra já validados e validação técnico-financeira efetuada pelo INESC-TEC”.
Sem querer revelar a identidade do vendedor, fonte oficial da Leilosoc negou que em causa esteja o Montijo Clean Fuels Hub, projeto para a produção de 100 toneladas por dia de amónia verde, da canadiana IHAT Technologies, que conta também para o efeito com o INESC-TEC e a TNE.
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