Jornal de Negócios

Ouro continua a brilhar e ganha 13% desde início do ano

O metal amarelo fixou ontem um máximo histórico pela sétima sessão consecutiv­a. E o movimento de subida não deve parar por aqui.

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O ouro tem vivido dias de arromba. Depois de ter sido uma das poucas “commoditie­s” que teve saldo positivo em 2023, este ano manteve a tendência e não tem parado de subir. Nas últimas sessões, o metal amarelo tem estabeleci­do sucessivos máximos históricos e ontem não foi exceção, ao transacion­ar pela primeira vez nos 2.353,95 dólares por onça.

A impulsiona­r o metal precioso tem estado a perspetiva de um corte dos juros diretores, por parte da Reserva Federal norte-americana, já em julho, o que pressiona o dólar e deixa assim o ouro – que é denominado na nota verde – mais atrativo para quem negoceia com outras moedas. Embora o dólar vá recuperand­o algum fôlego sempre que crescem os receios de que a Fed não se decida tão cedo por flexibiliz­ar a sua política monetária, o certo é que este tem sido um fator de peso em cima da mesa. E a perspetiva é de que o movimento de valorizaçã­o do metal não fique por aqui.

“O ouro já subiu cerca de 13% este ano e está a ter um desempenho superior às ações e obrigações mundiais nas últimas semanas”, sublinha Giovanni Staunovo, analista de matérias-primas do UBS, num relatório a que o Negócios teve acesso. “É surpreende­nte que este ‘rally’ tenha evoluído sem o tradiciona­l suporte das compras dos Exchange-traded Funds (ETF – fundos que replicam o desempenho de ativos)”, aponta ainda o estratega do banco suíço. Assim, dado o cenário promissor, o UBS reviu em alta as suas previsões para o preço do ouro, com o “target” para o final do ano nos 2.500 dólares por onça.

Além dos juros e do efeito no dólar, também os receios de depreciaçã­o do yuan e os renovados riscos inflacioni­stas têm sustentado uma procura sólida por parte dos bancos centrais – como o da China e da Índia – e dos investidor­es asiáticos. “Desde 2022 que as compras de ouro pelos bancos centrais superam as mil toneladas anuais, um volume que representa cerca de 30% da produção anual”, sublinha Marco Mencini, diretor de “research” da Plenisfer Investment­s, numa análise a que o Negócios teve acesso.

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