Bruxelas vê inflação nos serviços a dar tréguas “até ao verão”
Mais de metade da inflação na Zona Euro é explicada pelos serviços. Expectativa das empresas sobre preços faz antever abrandamento em breve, sobretudo na restauração.
Os serviços têm estado a puxar pela inflação na Zona Euro, impedindo uma desaceleração mais rápida dos preços. No entanto, a Comissão Europeia está otimista de que a inflação nos serviços – que tem estado inalterada nos 4% há cinco meses – vai retomar uma trajetória decrescente “nos próximos meses”, o que, a concretizar-se, vai contribuirá para superar a “última milha” do processo de desinflação em curso.
A previsão da Comissão Europeia consta de um relatório da Direção- Geral dos Assuntos Económicos e Financeiros, publicado esta quinta-feira. No documento, é feita uma análise à evolução dos preços e é apresentada uma perspetiva sobre a evolução futura da inflação, tendo por base os resultados dos inquéritos de conjuntura realizados junto de empresários e gestores europeus no primeiro trimestre deste ano.
No caso dos serviços, as expectativas das empresas em relação a uma eventual subida de preços nos próximos três meses “diminuíram em fevereiro e março, revertendo uma tendência ascendente iniciada em meados de 2023”. Com base nisso, o executivo comunitário considera que as pressões inflacionistas nos serviços devem “eventualmente abrandar novamente” ainda este ano e que isso deverá acontecer “possivelmente até ao verão”.
Significa isso que a variação homóloga do índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC) nos serviços deverá abrandar nos próximos meses, retomando o processo de desaceleração que estagnou desde novembro.
Por estar teimosamente inalterada nos 4%, a variação homóloga do IHPC nos serviços tem dado o maior contributo para a inflação total na Zona Euro. Os dados mais recentes do IHPC, conhecidos na quarta-feira, revelam que, em março, os serviços contribuíram mais de 60% para a taxa de inflação de março (2,4%), que foi inferior em duas décimas à observada em fevereiro.
Porém, a Comissão Europeia nota que, considerando os diferentes tipos de serviços, “os sinais são contraditórios”, verificando-se que os serviços de alimentação (como restaurantes e cafés) revelam ter mais margem para aliviar as pressões sobre os preços do que os serviços de alojamento.
Em março, o IHPC relativo aos restaurantes e cafés abrandou de 5,5% para 5,3% na Zona Euro, enquanto o IHPC dos hotéis acelerou três décimas para 5,2%.
A expectativa de descida de preços é, aliás, uma variável comum nas respostas das empresas aos inquéritos feitos aos diferentes setores de atividade (indústria, construção e comércio, além dos serviços). “A recente diminuição das expectativas de preços de venda por parte dos retalhistas e prestadores de serviços sugere que, nos próximos meses, a pressão sobre os preços no consumidor deverá diminuir ainda mais, tanto para bens como para serviços”, lê-se no relatório.
■