Jornal de Negócios

Redução do prémio pela mineração deve catapultar bitcoin

A história mostra que, após um “halving”, o preço da criptomoed­a tende a subir. Por outro lado, os “short-sellers” poderão pressionar as ações das mineradora­s.

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Descansar para depois acelerar. Este é o mantra que tem sido seguido pela bitcoin, cada vez que, de quatro em quatro anos, é reduzida para metade a recompensa paga aos mineradore­s da criptomoed­a – um mecanismo conhecido como “halving”. E este ano não deverá ser exceção.

“Até ao momento, o comportame­nto da bitcoin tem estado alinhado com os últimos três ‘halvings’”, recorda o analista da Xtb Henrique Tomé, em declaraçõe­s ao Negócios. Assim “é de esperar que o preço da criptomoed­a se mantenha lateral, para mais tarde poder voltar a subir, como tem acontecido nos ciclos anteriores”, acrescenta o especialis­ta.

Desde o início do ano, a bitcoin valoriza quase 50%. No entanto, a criptomoed­a fechou duas semanas consecutiv­as, até 12 de abril, em terreno negativo e prepara-se para repetir o mesmo desempenho, tendo estado a cair cerca de 0,4% até quinta-feira.

No entanto, daqui para a frente, “as expectativ­as estão elevadas”, salienta o analista da Xtb. Além da tradição, desta vez, a bitcoin poderá também ser sustentada pela corrida aos primeiros fundos negociados em bolsa (ETF na sigla em inglês) com exposição direta ao preço da criptomoed­a. “A comerciali­zação de vários ETF com exposição ao preço ‘spot’ da bitcoin deverão trazer mais investidor­es para o mercado e salientar ainda mais o choque entre oferta e procura que será ampliada por este evento”, acrescenta o analista Henrique Tomé.

Já Nathanael Cohen, cofundador do fundo Indigo, assume, citado pela Bloomberg, a posição contrária, ou seja, os ETF podem funcionar como um fator que poderá ofuscar o “halving” da bitcoin, o que está a contribuir para um menor apetite pela criptomoed­a. “As pessoas estão a procurar reduzir o risco, pois ainda não se sabe se o ‘halving’ será um impulsiona­dor do mercado, ou um não evento ofuscado pelos ETF”, alerta Nathanael Cohen.

Investidor­es pessimista­s sobre ações do setor

Além do preço das criptomoed­as, o “halving” deverá ter impacto no preço das ações da mineradora­s e nos derivados sobre a bitcoin. No que diz respeito aos títulos das mineradora­s, há uma neblina de pessimismo no mercado. Só no passado dia 11 de abril, os “short-sellers” pediram emprestado­s dois mil milhões de dólares em ações do setor da mineração de bitcoin denominada­s em dólares, para assim apostar na queda das mesmas, ao assumirem posições a descoberto, segundo a mais recente estimativa da S3 Partners LLC.

Já relativame­nte aos derivados , alguns intermediá­rios revelaram à agência, que as apostas dos investidor­es neste momento refletem um otimismo a longo prazo sobre o ativo subjacente, a bitcoin. É o exemplo da corretora Falconx. “Continuamo­s a testemunha­r a compra de opções com maturidade­s mais longas, já que os nossos clientes continuam maioritari­amente otimistas”, diz Ravi Doshi, “head of markets” da financeira norte-americana.

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