A degradação da instituição Presidência
As últimas declarações de Marcelo Rebelo de Sousa confirmaram que o país está órfão de um Presidente credível e logo num dos momentos mais delicados do pós 25 de abril.
Vejamos... Primeiro “vendeu” o filho na praça pública. Depois, ao qualificar a atuação da PGR de “maquiavélica” (insinuando que o Ministério Público tem objetivos políticos), deu uma machadada na separação de poderes. De seguida, resolveu fazer uma incursão lamentável por terrenos sócio-étnicos, a raiar o racismo. Finalmente, inventou um problema que a sociedade portuguesa não tem: a ideia de indemnizar as ex-colónias. E como se isto não bastasse, no sábado tentou voltar atrás com o que tinha dito: sobre a PGR, disse que a ideia de maquiavelismo não é sua, mas uma crítica a opiniões de terceiros. E sobre as indemnizações, aviltou que a solução já está a ser aplicada, dando como exemplo linhas de crédito e ajudas aos países em causa.
Foi pior a emenda do que o soneto. Quando se referiu à PGR, percebeu-se claramente a alfinetada a Lucília Gago. No que respeita às “indemnizações”, o que disse é uma estupidez.
O deslize da semana passada vem na sequência de uma série de disparates que o Presidente tem vindo a colecionar. Só que desta vez foi longe demais. O que leva a perguntar se Marcelo está em condições de continuar no cargo. Não está: a degradação a que conduziu a instituição Presidência raia o escândalo, tal a ligeireza com que se pronuncia sobre assuntos de Estado. Ora, como o país vai ter desafios enormes nos próximos anos, que precisam de um Presidente credível, talvez não seja má ideia os mais influentes começarem a segredar a Marcelo que o melhor é ir para casa mais cedo.
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