Obrigações sociais estagnam, mas apetite mantém-se em alta
O montante alocado, a nível global, em “social bonds” não registou qualquer evolução. Mas o apetite dos investidores dá sinais de que não será sempre assim.
Foram emitidos 135 mil milhões de dólares (o equivalente a 116,6 mil milhões de euros, à taxa de câmbio atual) em obrigações sociais no ano passado. Foi, praticamente o mesmo montante colocado no ano anterior, de acordo com os números disponibilidades pela Bloomberg. Portugal só agora está a entrar neste segmento.
O montante total arrecadado representa uma fatia de 14,37% dos 939 mil milhões de dólares (876,27 mil milhões de euros) emitidos em dívida com critérios sociais, ambientais e de governação (ESG, na sigla em inglês) em 2023. A maior operação do ano decorreu na Europa, em concreto em França em que a Caixa de Providência Social, detida diretamente pelo Estado francês, emitiu cinco mil milhões de euros em “social bonds”.
Mas afinal, o que é uma obrigação social? É um título de dívida, que paga periodicamente um juro e que no fim da maturidade tende a desembolsar o valor nominal investido mais o cupão. Assim, a principal diferença entre as obrigações convencionais e sociais prende-se com o objetivo, ou seja, este último tipo de dívida tem de se destinar para fins sociais, como beneficiar o acesso à educação, habitação ou saúde.
A primeira linha de obrigações sociais foi emitida em 2015, de acordo com o Goldman Sachs, ainda que haja divergências sobre a data da primeira colocação deste tipo de título. No entanto, este segmento de dívida só começou a ganhar tração no mercado em 2017 com o lançamento dos primeiros Princípios para a Emissão de Obrigações Sociais, um caderno de regras elaborado por “players” do mercado, aplicado de forma voluntária e que tem vindo a ser atualizado pela Internacional Capital Market Association, organização que reúne entidades do setor. Desde então, o apetite dos investidores tem aumentado. Em 2021, o montante total captado com obrigações sociais atingiu o seu pico, ao tocar nos 220 mil milhões de dólares (cerca de 205 mil milhões de euros).
“Um fator-chave que impulsiona a expansão do mercado das obrigações sociais é o forte apetite dos investidores”, considera o Goldman Sachs numa publicação sobre o tema. A sondagem levada a cabo pela gestora de ativos do banco de investimento revela que quase dois terços dos inquiridos já investiram em “social bonds” ou que estão interessados em adicionar este tipo de ativos às suas carteiras. Destes, quase nove em cada 10 planeiam manter ou aumentar o investimento neste tipo de ativos. Olhando para o futuro, o Goldman Sachs acredita que é “provável” que o apetite por obrigações sociais “aumente nos próximos anos”.
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