Volta ao Mundo

TODA A ÍNDIA EM DELI

- Uma crónica de José Luís Peixoto

E, no entanto, estando lá, há sempre alguma coisa que chama mais a atenção. Pessoas multiplica­das umas pelas outras, país de milhões e milhões. As mulheres podem passar com saris de qualquer cor, mas podem também passar de burqa ou com roupas ocidentais, excluindo saias reveladora­s ou decotes. Os homens tanto podem ir de fatos e camisas com colarinhos bicudos dos anos sessenta, como com turbantes e espadas à cintura, como enrolados em panos, colares de flores frescas ao pescoço. Há sempre muitas pessoas descalças, sobretudo crianças. Crianças lindas, que brincam, que vão para a escola de uniforme ou que estendem a mão a pedir dinheiro. Há muitas crianças sozinhas, meninas de 4 ou 5 anos com bebés ao colo. Às vezes, as crianças estão ao lado das mães, enquanto estas trabalham nas obras das estradas, abrem buracos com enxadas ou carregam à cabeça baldes de terra e de pedras. Às vezes, são as próprias crianças que estão a trabalhar.

Nas ruas de Deli, é possível encontrar todo o tipo de profissões originais: homens que limpam ouvidos, que possuem uma balança e cobram uma rupia a quem se quiser pesar, barbeiros no passeio especializ­ados em aparar bigodes, etc. Estas ocupações e centenas de outras cruzam-se com quem caminha pelas ruas. Em toda a parte se encontra a imensa variedade linguístic­a, cultural e religiosa de Deli, em ruas onde se vende comida, roupas, objetos, em praças assombrosa­s, entre templos, mesquitas e santuários, entre o trânsito, entre a multidão quase impenetráv­el.

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