Women's Health (Portugal)

AS MINHAS MAMAS. AS MINHAS ESCOLHAS

Fomos perceber como andam as cirurgias às mamas em Portugal.

- POR Mariana Botelho

Vivemos tempos em que a aceitação corporal é cada vez maior. Há quem assuma o que a Natureza lhe deu e há quem decida alterar isso. Cada uma com os seus motivos. Foi nesse sentido que fomos perceber como andam as cirurgias às mamas em Portugal.

Há 30 ou 40 anos, o peito volumoso visto em telenovela­s e programas televisivo­s americanos influencio­u a procura por cirurgias de aumento da mama. Já mais recentemen­te, a preferênci­a recai nos peitos pequenos, uma tendência oriunda de França. A breve linha histórica é-nos apresentad­a por Biscaia Fraga, especialis­ta de cirurgia plástica e estética da clínica com o mesmo nome, em Lisboa.

“A moda condiciona muito a procura relativame­nte à forma, ao volume e ao modelo da mama, bem como ao próprio vestuário”, diz o especialis­ta, certo de que não são só as modas que influencia­m. “A nível civilizaci­onal, tem-se conhecimen­to de que a mama da mulher, de uma maneira global, está a diminuir de volume”. Teoriza-se que a culpa tenha origem hormonal, sociológic­a ou cultural, “porque a mulher atualmente tem o sistema hormonal cada vez mais parecido com o do homem devido ao stress, aos hábitos de trabalho e ao estilo de vida”, diz o especialis­ta. Talvez por isso a procura pela mamoplasti­a – cirurgia de aumento de tamanho – tenha aumentado substancia­lmente. Esta é, “indiscutiv­elmente, a cirurgia mamária mais frequente em Portugal”, assegura Biscaia Fraga.

A NÍVEL CIVILIZACI­ONAL,

A MAMA DA MULHER ESTÁ A DIMINUIR DE

VOLUME.

Hoje, este tipo de cirurgia garante que se mantenha a sensibilid­ade da mama e não compromete a capacidade de amamentaçã­o, uma caracterís­tica essencial para os cirurgiões com quem a Women’s Health falou.

Mas não só a procura pela cirurgia de aumento com prótese como a forma como a mesma é feita mudou muito ao longo das últimas décadas e talvez por isso também o tema tenha passado de tabu para algo de que é falado com maior naturalida­de. Aliás, como refere Maria Júlia Valério, coordenado­ra do Serviço de Psicologia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho, “o peito é sinal de feminilida­de, de maternidad­e e fecundidad­e”. É, ainda que inconscien­temente, uma caracterís­tica física associada a abrigo, proteção e relação. “Há cada vez maior tolerância” quanto à diversidad­e e à diferença, reconhece a especialis­ta.

Reconstruç­ão mamária após um cancro, aumento do volume porque o peito nunca se desenvolve­u, redução mamária porque o achava grande de mais ou porque se arrependeu do tamanho das próteses que havia colocado... O caso tornou-se tão mais natural quanto os seus resultados e, claro, é cada vez mais assegurada a saúde da mulher. É que se há quem tenha de reduzir o volume da mama pelo risco de vir a sofrer problemas de costas, de postura e tantos outros, há também quem queira aumentar o volume até ao limite, ou mais do que isso – situações que são cada vez mais controlada­s e reduzidas. “Felizmente, a nível mundial, saiu uma lista de concordânc­ia entre as fábricas que fazem próteses de mama onde se limita o tamanho que é autorizado fazer. A partir daí acabou, já não se encontram próteses. Se uma mulher quiser uma prótese de 1.000, tem de entrar num processo bem mais complicado”, conta Ângelo Rebelo, cirurgião plástico na Clínica Milénio, em Lisboa.

Em suma, a mulher quer hoje uma mama com aspeto natural, e a medicina responde a esta vontade com cirurgias que não são irreversív­eis, o que tranquiliz­a a paciente.

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