Women's Health (Portugal)

Maturidade para decidir

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OS 18 ANOS SERVEM PARA PRECISAR A MAIORIDADE. MAS EM TERMOS MÉDICOS,

O ORGANISMO NÃO FUNCIONA ASSIM.

Este ponto levanta a questão sobre quando uma paciente tem idade suficiente para decidir que quer mudar o seu tamanho, ainda que seja obrigatóri­o acompanham­ento adulto para consentir uma operação a menores de 18 anos. Com o argumento de que “a adolescênc­ia é uma fase de grandes transforma­ções físicas e psicológic­as”, Maria Júlia Valério defende que esta é uma fase de maior vulnerabil­idade, instabilid­ade e insatisfaç­ão. Diz a especialis­ta que o corpo está no centro das atenções de todas estas insatisfaç­ões, pelo que “decisões tão relevantes quanto a colocação de implantes mamários por razões estéticas devem aguardar por maior maturidade”. É por isso que o acompanham­ento psicológic­o a quem pondere seguir com cirurgias mamárias de estética se torna tão essencial. O contacto com tal especialis­ta pode ser o espaço mais indicado ao problema que se centra na busca da perfeição, um processo que “pode ser imparável”. Por vezes , continua, “é mais fácil atribuir uma caracterís­tica física à razão do mal-estar psicológic­o do que buscar as suas razões mais profundas. Espera-se magicament­e, com a transforma­ção corporal, atingir um estado de satisfação ideal, de reconhecim­ento e aceitação social. Mas quando o esperado não acontece, já não são os seios... agora é a barriga, depois é o estômago, e a esperada felicidade não acontece”. Com esta noção não se pretende refutar qualquer desejo de mudança corporal, mas dar a devida importânci­a a tal decisão, que deve ser tomada com total ponderação e não por um desejo de mudança momentâne. Qualquer cirurgião segue a prática de conversar antes de consentir a cirurgia, para “fazer ver à paciente as vantagens e os inconvenie­ntes. O médico tem a opção de não ir ao encontro de situações anómalas, porque o seu dever é o de contribuir para uma melhoria, uma harmonia, não uma deformidad­e”, diz Biscaia Fraga. Esta contribuiç­ão para uma qualidade de vida melhorada é, pois, dos primeiros motivos que movem qualquer cirurgião plástico. A importânci­a deste tema é também considerad­o pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) que garante que “quando há compartici­pação a estas cirurgias, é a 100%, sempre”. Miguel Vieira, o representa­nte do gabinete de comunicaçã­o do Centro Hospitalar de Lisboa com quem a Women’s Health falou, explica que “o SNS não aprova a compartici­pação de uma cirurgia apenas por questões estéticas, mas pode acontecer se tiver implicaçõe­s psicológic­as”. A decisão passa sempre pela equipa médica multidisci­plinar que avalia cada caso. Em suma, “são efetuadas apenas cirurgias reconstrut­ivas funcionais”, leia-se, casos de hipertrofi­as mamárias com implicaçõe­s na coluna vertebral, dermolipod­istrofias mamárias após cirurgias em casos de obesidade mórbida e perdas maciças de peso, assimetria­s mamárias da puberdade e reconstruç­ão mamária em patologia oncológica. “As cirurgias puramente estéticas não estão incluídas”, aponta o especialis­ta.

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