Women's Health (Portugal)

Liliana Filipa

- Por: Mariana Botelho.

TEM 26 ANOS, DOIS FILHOS, UMA MARCA EM NOME PRÓPRIO E O MUNDO INTEIRO POR CONQUISTAR. EMPREENDED­ORA, ENTROU NO MUNDO DOS NEGÓCIOS BASTANTE JOVEM E NÃO SE ARREPENDE DE NENHUM PASSO DADO ATÉ HOJE. FOMOS CONHECER O SEU PERCURSO, AS SUAS AMBIÇÕES E O QUE PLANEIA PARA O AMANHÃ.

T‘Tomamos um café?’. Liliana Filipa recebeu-nos no seu escritório como quem recebe uma visita na própria casa. De facto, o seu espaço de trabalho é quase como mais uma divisão da sua casa (ainda que fique a uns minutos de distância desta). Não podia ser de outra maneira. A sua empresa, onde nasceu a marca com o seu nome, é também um bocadinho dela própria. Liliana não o esconde: só sabe trabalhar com aquilo em que acredita e em que se revê, mas distingue bem o que é a sua vida privada e o que é o seu trabalho. São áreas distintas da sua vida, que trabalha diariament­e para manter em equilíbrio. “Se alguma destas áreas não estiver bem, eu tremo”, diz-nos, com a confiança de quem tem tudo perfeitame­nte alinhado. Está realizada, embora ainda tenha “muitos sonhos por cumprir”. Liliana define-se como “uma pessoa inquieta”, e é por isso que está constantem­ente à procura de novos desafios profission­ais. O trabalho não para de surgir – e ainda bem! Mas por mais cheia que esteja a agenda, um aspeto em que não falha é no auto-cuidado. Como nos diz, ter tempo para si é fundamenta­l para gozar de uma vida plena e feliz. Este é, talvez, um dos motivos do sucesso do seu percurso, que foi rápido: Aos 26 anos, é dona da sua própria empresa, detém a marca homónima de biquínis, vestuário e calçado (e prepara-se para lançar o primeiro produto de beleza), tem dois filhos e uma conta de Instagram tão influente que lhe fez valer o 9º lugar na lista Forbes dos maiores influencia­dores digitais de Portugal. São 709 mil seguidores, um número que reflete a evolução de todo o seu trabalho .

>Imaginava alcançar todo este destaque?

Não, foi tudo muito orgânico. Eu tive a exposição na televisão [após participar num reality show em 2014] e aproveitei essa plateia para começar a criar novos conteúdos. Desde então, as pessoas que me seguem começaram também a querer saber sempre mais, por isso criei o canal de YouTube, para estar mais próxima dos meus seguidores. Eu sinto-me bem a partilhar as minhas experiênci­as, a inspirar os outros e as próprias pessoas que me seguem incentivam-me e inspiram-me a fazer coisas novas, estão constantem­ente a puxar por mim.

>Muitos seguem-na desde a altura do reality show. Sente isso ou acha que os seguidores atuais são outros?

Não sinto que ainda tenha este público. Acho que a maioria segue-me pelo trabalho que desenvolvi nas redes sociais. É uma comunidade que continua a crescer.

>O seu objetivo era este? Não ser conhecida por um reality show?

O objetivo nunca foi o ‘não ser conhecida por isso’, mas sim mostrar outras vertentes e provar-me a mim mesma que sou capaz de ser aquilo que eu quiser, que sou capaz de alcançar outras coisas. Aquilo ficou, foi um desafio como um outro qualquer, uma aventura a que me propus e agora tenho outros desafios. Agora, o meu maior desafio é conseguir manter a empresa e trabalhar nesta área. O rótulo de ‘ex concorrent­e de um reality show’ ficou lá atrás e eu fico feliz por isso, por hoje ser reconhecid­a pelos meus projetos atuais. Porque as pessoas não são só os concorrent­es de um programa de televisão. Algumas demonstram mais nas redes, outras não o fazem tanto, mas tal não significam que não tenham as suas vidas bem-sucedidas.

>Nas suas redes demonstra o sucesso que conquistou. Estas partilhas mais pessoais são uma forma de se aproximar das suas clientes?

Sim, acredito que isso faz com que se apaixonem pela marca. Acho que, pelas diferentes realidades que mostramos, a pessoa se identifiqu­e e acabe por se apaixonar pela nossa história. É isso que tentamos fazer: chegar o mais próximo possível não só de clientes mas também de admiradore­s. Não queremos só que as pessoas comprem, queremos que admirem e se identifiqu­em com o nosso trabalho. É uma marca de inclusão.

>É este o foco do seu trabalho?

Atualmente, trabalhamo­s na criação de produtos com que a marca se identifiqu­e, produtos mais virados para a moda, embora estejamos prestes a lançar também um produto de beleza - o primeiro associada à minha imagem. Além disso, trabalho também as redes sociais, como disse, tenho um contato muito direto com o meu público, com as pessoas que

“Não foi por ser mãe que deixei de cuidar da minha imagem. Não quero sentir que deixei de cuidar de mim, de me mimar”

“As pessoas que me seguem e acompanham inspiram-me muito. Estão constantem­ente a incentivar-me e a estimular as minhas capacidade­s”

me acompanham. O meu dia está envolvido nestas coisas todas, ajustando-se às necessidad­es da minha família e dos meus filhos.

>Dias bem agitados, portanto.

Estou sempre inquieta! Quero sempre aceitar desafios diferentes, gosto muito de sentir a adrenalina de fazer coisas novas e aprender, por isso posso dizer que me sinto profission­almente realizada, mas não quero parar. Quero continuar a fazer coisas novas, alinhadas com aquilo em que acredito. Atenticida­de! Se não for assim, prefiro não fazer.

>Sempre foi assim proativa?

Sim, eu sempre fui muito ligada às artes e a minha mãe sempre me influencio­u muito, ela sempre foi uma empresária de sucesso, por isso sinto que tenho essa vertente de empresária e empreended­ora pelos conselhos e exemplo que me passou. Sempre fui de arriscar, e ela sempre me deu muito apoio. Dizia-me “vai, não tenhas medo, tu consegues!”. Além disso, já me está intrínseca esta postura de não estagnar, não gosto de me sentir limitada. Sempre fui muito aventureir­a, é por isso que arrisco.

>E como foi o seu percurso escolar, planeou algo para o futuro?

Sempre estive muito ligada à dança, principalm­ente samba, mas sempre soube que isso não ia ser um futuro porque em Portugal não temos muitas oportunida­des nesta área. E como sempre quis trabalhar em algo relacionad­o com moda e ter a minha marca, tirei o curso de design. Aquilo que faço hoje sempre foi o meu sonho, se aconteceu mais depressa devido à minha exposição, talvez sim. Mas sempre trabalhei por este meu sonho.

>E pelo caminho tirou o curso de tatuadora…

Sim! (risos). Eu na altura estava no curso de artes visuais e, como sempre gostei de desenhar, tirei essa especializ­ação. Depois surgiram outros desafios e isso ficou para trás, mas cheguei a tatuar algumas amigas.

>E atualmente, como é o seu dia-a-dia, já com família estruturad­a?

Para fazer as coisas que faço hoje, preciso muito da equipa com que trabalho: a minha agência e as pessoas que estão aqui comigo no escritório são muito importante­s para conseguir realizar tudo aquilo a que me proponho. São muitos os projetos em que estamos envolvidos neste momento, portanto tento delegar as coisas que outros podem fazer por mim para ter tempo para o que tenho de ser eu a fazer, como tratar da a imagem, fazer as fotos, os vídeos, a edição e toda a negociação.

>Sente que lhe é fácil delegar?

É a parte mais fácil. Sempre tive espírito de liderança, consigo detetar facilmente o que os outros outros fazem melhor do que eu.

>E qual a parte mais difícil?

Naturalmen­te, a parte das contas e todas as burocracia­s que uma empresa tem por trás, mas que tem sido uma grande aprendizag­em para mim ao longo destes anos. Eu sei em que é que os outros são melhores do que eu, mas isso não me impede de querer aprender com todos eles. Eu estou sempre muito atenta ao que os outros têm a dizer. Tenho muito respeito para ouvir, debater ideias e tento aprender com todos. Acho que toda a gente tem algo para ensinar, nem que seja uma receita. Não podemos menospreza­r ninguém nem pensar que já sabemos tudo, nunca. Outra dificuldad­e, contra a qual sinto que tenho de batalhar, é a falta de credibilid­ade com que às vezes me veem por ser mulher e por ser tão nova. Não é fácil, mesmo com os fornecedor­es é difícil, olham para mim e não vêm credibilid­ade. Mas se eu aparecer, por exemplo, com o Tiago, o meu agente, já facilita. Ainda é difícil, mas não devemos ter receio de ser mulher nesta área.

>Entrou muito nova no mundo do trabalho. Perdeu parte da sua juventude?

Se calhar podia ter aproveitad­o um bocadinho mais a minha fase jovem/adulta, mas pensando hoje, com 26 anos, e tendo já dois filhos, eu nunca deixei de fazer determinad­as coisas. Não deixo de jantar com amigas, sair à noite, dançar quando tenho de dançar, divertir-me quando tenho de me divertir, eu nunca ponho de parte essa parte da minha vida, sei que não posso sentir falta de me divertir.

>É algo que faz parte da sua rotina.

Exato. E o grande desafio é mesmo este: equilibrar todas estas áreas, todas estas minhas camadas, numa só pessoa. Às vezes torna-se difícil gerir isto com a vida familiar, as crianças, o trabalho, as responsabi­lidades, o ter tempo para mim, mas é necessário, porque se assim não for, algum dia alguma dessas vertentes vai quebrar.

>Uma destas áreas é a maternidad­e. Construir família era um sonho seu?

Sim, sempre quis ser mãe muito nova. Quando encontrei o Daniel [Gregório], que tinha o mesmo sonho que eu, falávamos muito em ter um bebé… e vieram dois! O casalinho veio assim completar as nossas vidas.

>A maternidad­e é aquilo que achava?

Claro que é muito mais difícil do que nós achamos. Porque aquilo que vemos nos outros, nas redes sociais, parece tudo um mar de rosas, tudo muito pacífico mas, na realidade, não é nada assim, principalm­ente à noite. Os bebés dão-nos muitos desafios, todos eles têm fases mais difíceis, mas é tudo uma questão de continuarm­os a cuidar da nossa saúde mental e mantermo-nos bem connosco próprias, isso é muito importante. Eu faço sempre por estar bem comigo, é fundamenta­l porque se eu não estiver bem comigo eu não vou ser uma boa mãe, não vou estar tao bem-disposta com eles.. Tenho mesmo de cuidar de mim para depois cuidar dos outros.

>Foi isto que aprendeu com eles?

Não, eu é que tento passar-lhes esta mensagem. Não só aos meus filhos, mas a todas as pessoas que me rodeiam. Enquanto mãe, aprendi a responsabi­lidade e também o saber aproveitar os momentos bons que eles nos dão, porque dão-nos momentos incríveis. Acho que é muito importante nesta fase estarmos com eles e sentirmos a energia que os bebés nos dão, porque eles estão sempre felizes! Nós temos dias maus, dias em que estamos mais tristes, mas eles estão sempre bem. Sinto muito isso dos meus filhos. Às vezes têm um dói-dói e choram, mas passa num instante! Aprendi que não adianta estar a chorar muito por aquele dói-dói, porque depois passa. Essa boa energia que eles me dão é fundamenta­l para o meu trabalho, eles são a minha fonte de energia – eu digo isso a toda a gente.

>Já referiu várias vezes que ser mãe nunca a fez esquecer de si própria...

Acho muito importante cuidar do exterior. Do interior também, obviamente, mas nunca esquecer que o exterior também importa. Não é por ser mãe que deixo de cuidar da minha imagem. Por isso, no meu dia tento ter essas pausas para mimar o meu corpo, até porque trabalho com a imagem, é algo necessário para o meu trabalho.

>Num evento da Cellulase falou desta necessidad­e e da importânci­a de mostrar que todas temos imperfeiçõ­es.

Sim, eu acho que ainda há muito tabu sobre

“Fico mesmo muito feliz por ser reconhecid­a pelos meus projetos atuais”

“Os meus filhos são a minha fonte de energia. São eles que me enriquecem e me deixam plena" este tema. Parece que há pessoas que ainda não entenderam que a celulite é real… Eu acredito muito em cuidar de nós próprias e tentarmos ser a nossa melhor versão. Ainda assim, existe algum tabu à volta deste tema mas a verdade é que todas temos um corpo diferente e isso está OK. O importante é cada mulher sentir-se bem no seu corpo, mimar-se e tratar-se bem…É nisto em que acredito!

> ...e por passar esta mensagem é hoje embaixador­a da Cellulase. O que representa para si tal reconhecim­ento?

É mais uma oportunida­de para transmitir a outras mulheres a importânci­a de nos cuidarmos, por dentro e por fora.

>Além disso, o que lhe é essencial a um estilo de vida saudável?

Durante muitos anos tive aulas de samba por isso acho que tenho um bocadinho o histórico do exercício físico. Hoje em dia não tenho tanto tempo para me dedicar a esta minha paixão, mas tento mexer-me o máximo possível e estar na minha melhor forma. Descobri recentemen­te o kickboxing - adoro! Além disso, os meus filhos nunca me deixam estar quieta, são uma fonte de exercício inesgotáve­l além de que a minha vida atual é bastante agitada, ão me permite estar parada, nem eu queria! Não gosto de perder tempo.

>E a nível de alimentaçã­o?

Tenho cuidado, mas nunca faço restrições, porque não considero que seja uma solução a longo prazo. Tento sim ter uma alimentaçã­o equilibrad­a, sem excessos e em equilíbrio. Se num dia tenho uma refeição mais saudável, noutro dia já posso ser mais ‘livre’. Um hábito que tenho já muito intrínseco é o de beber água ao longo do dia ou mesmo quando me sinto um bocadinho mais sonolenta. Dá logo outra energia.

>A nível mais pessoal, o que lhe é igualmente essencial à sua saúde?

É-me essencial estar perto do mar! O mar é uma grande fonte de oxigénio, e parece que muitos não têm essa noção. Sinto-me super bem junto ao mar, preferenci­almente com sol - vitamina D também é essencial! - sinto-me muito melhor mental e fisicament­e quando os tenho por perto.

>O seu estilo de vida reflete aquilo que defendemos na Women's Health. O que é que esta marca representa para si?

Vejo-a como a representa­ção feminina de um corpo saudável numa mente equilibrad­a. Acho que a revista inspira as mulheres a alcançar a sua saúde como um todo.

>E esta capa, estava nos planos?

Nunca disse que não era capaz, achava que algum dia ia ser, mas não tao cedo. Mas como eu e a minha equipa trabalhamo­s para estes pequenos reconhecim­entos, nunca senti que fosse inalcançáv­el. Ainda assim, é um sonho tornado realidade porque há bem pouco tempo eu era uma adolescent­e, os anos foram passando e agora cá estou eu numa capa que tanto me diz e que sempre admirei.

>Que mensagem gostaria de transmitir às nossas leitoras?

Queria transmitir a mensagem de que somos capazes de tudo. Se somos capazes de gerar vida, somos capazes de alcançar qualquer coisa. Os nossos sonhos e objetivos são alcançávei­s, basta que acreditemo­s. Este é o primeiro passo. O segundo, é reunir as ferramenta­s para alcançar este mesmo objetivo.

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Biquíni, Calzedonia Brincos, Eugénio Campos Jewels Pulseiras e anéis, Carolina Curado
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Fotografia: Gonçalo Claro
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 ??  ?? Biquíni, Calzedonia Colar, Mango Brincos, Eugénio Campos Jewels Anéis, Carolina Curado
Biquíni, Calzedonia Colar, Mango Brincos, Eugénio Campos Jewels Anéis, Carolina Curado
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Fato de banho, Rio de Sol
 ??  ?? Biquíni, Liliana Filipa Swimwear Brincos, Mango Anéis, Carolina Curado
Biquíni, Liliana Filipa Swimwear Brincos, Mango Anéis, Carolina Curado
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 ??  ?? T-shirt, Tommy Hilfiger Biquíni, Calzedonia Brincos, Eugénio Campos Jewels Styling: Sérgio Onze Makeup: Inês Aguiar Cabelos: Anabela Pereira (Manubela Cabeleirei­ros)
T-shirt, Tommy Hilfiger Biquíni, Calzedonia Brincos, Eugénio Campos Jewels Styling: Sérgio Onze Makeup: Inês Aguiar Cabelos: Anabela Pereira (Manubela Cabeleirei­ros)
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Top, Tommy Hilfinger Cuecas biquíni, Calzedonia

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