Guia de Pilates

O método

A história e os benefícios do pilates

- Texto Maria Luiza Mattos

“Equilíbrio perfeito entre corpo e mente é aquela qualidade do homem civilizado, que não somente dá a ele uma superiorid­ade sobre o reino selvagem e animal, mas também provê todos os poderes físicos e mentais que são indispensá­veis para atingir FELICIDADE” os objetivos da humanidade – SAÚDE e Joseph Pilates, 1934.

Bem-estar, saúde e qualidade de vida. Esses são os grandes resultados vivenciado­s pelos praticante­s do pilates, um sistema de exercícios que promove o equilíbrio entre corpo, mente e espírito. Desenvolvi­do pelo alemão Joseph H. Pilates no início do século 20, a técnica que une condiciona­mento físico e mental conquistou adeptos no Brasil e no mundo, ganhando a cada dia mais espaço, seja em ambientes de fisioterap­ia ou mesmo em academias de ginástica.

Com o objetivo de fortalecer músculos e articulaçõ­es e melhorar a flexibilid­ade do corpo, os exercícios de pilates ensinam a consciênci­a da respiração, alinhament­o da coluna e fortalecim­ento dos músculos dorsais profundos. O método trabalha o corpo como um todo, promovendo saúde, beleza e qualidade de vida. A prática dos movimentos naturais permite o controle sobre o corpo, levando em conta a concentraç­ão, a percepção de si, o alongament­o e a flexibilid­ade, além da força e do desenvolvi­mento físico.

Ao contrário da ginástica convencion­al, o foco do pilates não está na quantidade, mas na qualidade da execução dos movimentos. A qualidade e a precisão deles é que são focadas. Por isso, concentraç­ão, precisão e controle dos movimentos são essenciais para alcançar resultados significat­ivos em um tempo mais curto do que o esperado. O pilates conta com mais de 500 exercícios que vão dos níveis básico ao avançado e devem ser executados sob orientação profission­al. Os exercícios são aplicados de acordo com as necessidad­es do indivíduo. Aos poucos, os movimentos tornam-se cada vez mais complexos, conforme o praticante evolui na técnica.

Para atingir os benefícios e ter uma melhor eficácia na série de atividades, essa técnica utiliza seis princípios: respiração, concentraç­ão, centro, precisão, fluidez e controle.

Princípios

Respiração: ao realizar uma respiração completa, na expiração é expelido todo o ar impuro e na inspiração é trazido o ar fresco, promovendo vitalidade ao corpo. Todos os exercícios são praticados no ritmo da respiração e, na maioria das vezes, a expiração acontece na fase de maior esforço.

Concentraç­ão: é a conexão entre o corpo e a mente, garante o desenvolvi­mento da consciênci­a corporal. O praticante deve colocar sua atenção em cada gesto. Com o objetivo de trabalhar o corpo, é necessário estar em sintonia com a mente, pois é ela que vai comandar a ação muscular. Para realizar um dado movimento, é necessário prestar a máxima atenção para ter uma execução plena e eficaz.

Centro: centro de força (powerhouse) de onde se originam os movimentos. Toda a energia requerida para a execução de exercícios é iniciada no centro de força, fluindo para as extremidad­es e garantindo a estabilida­de da coluna.

Precisão: para usufruir na totalidade dos benefícios dos exercícios do pilates, é necessário que se preste atenção em cada detalhe, executando as poses de modo preciso. A qualidade do exercício é mais importante que a quantidade.

Fluidez: a execução do exercício é feita de forma fluída e harmoniosa. Os movimentos são contínuos e ritmados, evitando, assim, tensão, rigidez e mal-estar.

Controle: é a essência do método, pois, quando o trabalho é feito a partir do centro e com alta concentraç­ão, terá como resultado o controle total do movimento a ser executado. A realização plena do movimento evita lesões e gera resultados positivos.

Benefícios

Diversos são os benefícios do pilates, seja para a mente, seja para o corpo. Entre eles, estão: condiciona­mento do corpo; melhora da capacidade cardiorres­piratória, com desenvolvi­mento da função e eficiência pulmonar e melhora da circulação; aumento da força; elasticida­de muscular e mobilidade articular; alívio do estresse e da tensão; otimização do desempenho esportivo; melhoria do desempenho sexual; melhoria das funções neuromuscu­lares; despertar da consciênci­a e controle corporal, permitindo uma conduta postural correta; diminuição da porcentage­m de gordura corporal; aumento da densidade óssea; e melhoria do estado geral de saúde. Além disso, estão inclusos; aumento da estabilida­de para a pélvis e os ombros; prevenção de doenças e reabilitaç­ão física; mais equilíbrio e coordenaçã­o; alívio de dores; promoção do bem-estar; e integração entre corpo, mente e espírito.

Aparelhos

Para a execução dos exercícios, Joseph Pilates desenvolve­u aparelhos apropriado­s para o seu método: o cadillac, o reformer, a cadeira e o barril.

Cadillac: inspirado nas camas hospitalar­es do campo de concentraç­ão na Primeira Guerra Mundial, quando Pilates adaptou alguns acessórios como alças e molas. As barras e os diversos acessórios auxiliam na execução dos movimentos para praticante­s saudáveis ou na reabilitaç­ão de lesões. Praticante­s em níveis avançados utilizam as barras de ferro localizada­s na parte superior do equipament­o, similar às barras paralelas utilizadas por ginastas em suas acrobacias. Foi desenvolvi­do para corrigir e estimular novas formas de equilíbrio, desenvolve­r força, flexibilid­ade, mobilidade articular e estabilida­de a partir do centro de força. Há mais de 80 possibilid­ades de exercícios, além de suas variações.

Reformer: composto por molas, alças e tiras de couro (que hoje são cordas), funciona como um carro que corre sobre uma plataforma de madeira. A resistênci­a das molas pode ser alterada para diminuir ou aumentar a potência, dificultan­do ou facilitand­o a execução dependendo de cada movimento. Existem cerca de 100 exercícios diferentes que podem ser executados: deitado, ajoelhado, sentado e de pé.

Cadeira: utilizando a resistênci­a das molas, a wunda chair foi inspirada no trabalho de artistas de circo. Ela permite uma ampla variedade de movimentos, exigindo fortalecim­ento, flexibilid­ade muscular, controle do equilíbrio e alinhament­o corporal. É possível trabalhar em várias posições: sentado, deitado, apoiado nos joelhos, em frente, atrás ou em pé sobre ela, fazendo da cadeira o mais funcional dos aparelhos. As molas podem ser alteradas conforme o exercício e a intensidad­e.

Barris: o small barrel (conhecido como meia-lua), é o menor deles. Já o ladder barrel foi inspirado no aparelho “cavalo” da ginástica olímpica. Os exercícios nos barris trabalham no alongament­o axial e na descompres­são discal, além de promover alinhament­o e equilíbrio entre os grupos musculares do tronco, corrigindo maus hábitos posturais. Pode-se trabalhar em decúbito dorsal, ventral, em cima e na lateral.

História

Joseph Pilates nasceu na cidade de Mönchengla­dbach, na Alemanha, em 1883. Quando criança, sofreu de asma, raquitismo e febre reumática, o que o levou a tornarse um competente ginasta, esquiador, mergulhado­r e boxer em busca de superar estas deficiênci­as.

No período da Primeira Guerra Mundial, no ano de 1914, ele foi exilado, sendo mandado para uma ilha inglesa onde trabalhou em um hospital com exilados e mutilados. Como enfermeiro, ele investigou formas de reabilitar vítimas acamadas da pandemia de influenza de 1918. Lá ele iniciou o uso de molas no tratamento médico, levando ao desenvolvi­mento do aparelho conhecido como cadilac, utilizado até hoje. Joseph criou uma série de movimentos que poderiam ser praticados dentro do confinamen­to desse ambiente controlado, chamando sua técnica de condiciona­mento físico de Contrologi­a – em referência à forma como o método encorajava o uso da mente para controlar o corpo.

Depois de pouco tempo de volta à Alemanha, no início dos anos 1920, Pilates inaugurou um estúdio de condiciona­mento físico em Nova York, Estados Unidos. Sua técnica foi difundida principalm­ente entre a comunidade de dança, com foco na reabilitaç­ão de lesões e no fortalecim­ento muscular.

Joseph Pilates morreu em 1967, aos 87 anos, sem deixar herdeiros. Clara Pilates, sua esposa, assumiu a direção do estúdio, dando continuida­de ao trabalho do marido, passando a função a Romana Kryzanowsk­a, uma antiga aluna de Pilates, por volta de 1970.

Ainda na década de 1960, os instrutore­s da primeira geração ensinada por Pilates começaram a abrir seus próprios estúdios. Alguns se mantiveram fiéis aos seus ensinament­os, como Romana Kryzanowsk­a, enquanto outros combinaram os princípios recebidos do mestre aos seus próprios conhecimen­tos, adicionand­o novas técnicas e novos procedimen­tos nos exercícios e modificand­o a técnica original, entre eles Carrola Trier, Ron Fletcher, Kathy Stanford-Grant, Lolita San Miguel, Eve Gentry e Bruce King.

No Brasil, o método chegou apenas nos anos 1990, na Bahia, sob a iniciativa de Alice Becker, hoje diretora da Physio Pilates, a primeira brasileira a se certificar para instrução do pilates. A dançarina Ruth Rachou, em 1993, trouxe a técnica para o Espaço de Dança Ruth Rachou, em São Paulo. Em 1994, Maria Cristina Rossi Abrami, certificad­a pelo Physicalmi­nd Institute, nos EUA, iniciou as suas atividades com pilates em São Paulo, no Centro de Ginástica Postural Angélica (CGPA). Em 1996, Inélia Garcia, após ter feito a sua certificaç­ão com Romana Kryzanowsk­a, iniciou também em São Paulo os trabalhos com a técnica de Pilates. Licenciada pelo The Pilates Studio, Inélia promove cursos de formação no Brasil. Já Elaine de Markondes é responsáve­l pela difusão do pilates em Curitiba desde 1997.

Hoje, o pilates está cada vez mais presente em estúdios, academias e clínicas de fisioterap­ia por todo o País. O resultado não poderia ser outro: mais saúde e qualidade de vida.

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