Coordenação
Uma série de exercícios estimula os movimentos do corpo inteiro
Você dirige? Opera máquinas? Toca algum instrumento? Pratica esportes? Trabalha com o corpo? Faz algum tipo de arte plástica ou artesanato? Digita? Desempenha algum ofício manual? Responder afirmativamente a qualquer uma dessas questões significa que você precisa dar uma atenção especial à sua coordenação motora, seja para melhorar o desempenho e destreza na execução dessas atividades, seja para mantê-las sempre impecáveis.
A coordenação motora implica na eficiência e qualidade com que os músculos do corpo trabalham e se locomovem. Quando ela é bem-desenvolvida, seus movimento são mais assertivos e inteligentes, sobrecarregam menos o corpo, são capazes de ações cada vez mais específicas e detalhadas e trabalham de forma integrada e harmoniosa com os demais segmentos do corpo ou com a mente e os sentidos.
Quando ela não está devidamente afinada, a pessoa sente dificuldade em realizar ações precisas ou simultâneas, como cantar enquanto bate palmas ritmadas, recortar figuras pequenas e minuciosas, ou manusear o tecido e o pedal da máquina de costura ao mesmo tempo. Chegar a esse ponto não é difícil, basta que o indivíduo abandone a falta de exercícios e de atividades específicas por certo tempo, comuns em sociedades sedentárias como a nossa. “Se você não disciplina seus músculos a se exercitarem com frequência, é provável que, mais cedo ou mais tarde, sua coordenação fique comprometida”, explica a fisioterapeuta e educadora física Gisela Magri, do Studio Pilates Imagem.
Nas crianças, o domínio motor é estimulado com certa frequência na atividades básicas de creche ou pré-escola, como pintar dentro das linhas do desenho, encaixar figuras no molde correspondente, brincar com objetos que montam e desmontam, fazer dancinhas coreografadas, brincar de bola etc. Contudo, à medida que vão crescendo, os momentos de dedicação à saúde motora se tornam escassos, passando a ser trabalhados “aos trancos” durante a realização das atividades diárias, sem treino nem ensaio. Se a pessoa não está preparada para desempenhar a habilidade coordenativa na “hora h”, a dificuldade apresentada pode afetar negativamente sua autoestima, além de expô-la ao risco de sofrer uma lesão.
Por isso, é indispensável exercitar a coordenação como um objetivo em si mesmo, garantindo boa qualidade de vida, não só por meio da excelente execução das tarefas que envolvem qualquer movimento do corpo, como também com a otimização de outras capacidades, como a resistência, a agilidade, a força e a flexibilidade.
“Os exercícios de pilates ajudam a coordenação motora, já que são adaptados para trabalhar o corpo em sua totalidade. Esse estímulo é constante durante a realização dos exercícios do método, devido, principalmente, à precisão dos movimentos e dos recursos utilizados durante o exercício. O manuseio das molas e bolas e a realização de exercícios unilaterais, bilaterais e alternados exigem que o praticante demonstre domínio e, dessa forma, obtenha trabalhos coordenados”, afirma a instrutora Gisela Magri, que apresenta, a seguir, uma sequência especial de exercícios para a coordenação afiada.
“Nunca fui uma pessoa com bom ouvido musical. Mesmo assim, decidi aprender a tocar atabaque. Era um desastre e pensei em desistir mil vezes. Quase na mesma época, comecei a praticar pilates para tratar uma escoliose e, surpreendentemente, após alguns treinos, melhorei nas aulas de percussão. No começo, duvidei de que uma coisa tivesse algo a ver com a outra, mas, conversando com a minha instrutora, ela confirmou que o pilates trabalha a coordenação e, sabendo da minha demanda, passou a incluir exercícios com essa finalidade. Minha escoliose está curada e minha meta para os ” próximos meses é aprender a tocar berimbau. Gláucio Marques, 19 anos, estudante de Biologia. Praticante de pilates há um ano e meio.
Modelo e autora da série, Gisela Magri, do Studio Pilates Imagem. Calça e top, Líquido; regata, Speedo; local e aparelhos cedidos pelo Studio Pilates Imagem.
1. Spine Stretch – Variação no bosu
Posição inicial
De joelhos sobre o bosu, que está em cima do cadillac, mantenha os pés sem apoio, a coluna ereta, os braços estendidos em diagonal e as mãos segurando a barra torre na altura do quadril.
Movimento Leve o queixo em direção ao peito e role até a coluna ficar alinhada. Dependendo da sua mobilidade articular, pode passar de 90º.
Nível: avançado
Objetivo: controlar o powerhouse, manter a crista ilíaca vertical e trabalhar a mobilidade da coluna
Músculos trabalhados: eretores da coluna
Estabilidade: powerhouse, isquiotibiais, glúteos e cintura escapular
Mobilidade articular: coluna cervical, torácica, lombar e quadril
2. Leg Pull Front – Variação
Movimento
Realizar uma flexão do quadril.
Posição inicial
No cadillac, com os cotovelos flexionados apoiados no bosu, o quadril estendido e as pernas na barra móvel do aparelho.
Nível: avançado
Objetivos: equilíbrio e fortalecimento do reto abdominal
Músculos trabalhados: abdominais, estabilizadores da cintura escapular e iliopsoas
Estabilidade: cintura escapular e powerhouse
Mobilidade articular: coxofemoral
Posição inicial
No cadillac, sentado sobre a caixinha, com a coluna reta, os braços elevados segurando a barra torre e os pés apoiados nas hastes do aparelho.
Movimento
Mande o braço direito em direção ao pé ou à haste contralateral, fazendo uma rotação do tronco com flexão, enquanto mantém o braço esquerdo em elevação.
Nível: intermediário
Objetivos: alongamento da cadeia posterior com rotadores de tronco
Músculos trabalhados: cadeia posterior com rotadores do tronco
Estabilidade: powerhouse e pélvis
Mobilidade articular: flexão da coluna em rotação